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Ficou mundialmente famoso em 1992, quando apostou contra o banco da Inglaterra, que, ao ter de desvalorizar a libra esterlina, deu a Soros um lucro de US$ 1 bilhão em apenas um dia.
Hoje, o húngaro naturalizado americano gasta US$ 0,5 bilhão por ano tentando mudar o mundo.
Começou nos anos 70, financiando ativistas contra o apartheid na África do Sul; nos anos 80, ajudou sindicatos independentes que lutavam contra o regime comunista na Polônia e grupos de dissidentes na então Tchecoslováquia; nos anos 90, fundou, financiou e dirigiu ONGs e movimentos políticos democráticos na fase final da dissolução da União Soviética. O dinheiro de Soros sustentou os grupos que fizeram a revolta democrática na República da Geórgia, a “Revolução Rosa”, e o levante contra fraude eleitoral na Ucrânia, no final de 2004, conhecido como a “Revolução Laranja”.
Mas o investidor de sucesso admite que em política perdeu mais do que ganhou: doou muito dinheiro para impedir a reeleição de George W. Bush – para concluir, após o novo mandato do presidente americano, que as pessoas em geral e os americanos em particular deixam-se enganar: não querem a verdade; querem apenas sucesso.
Soros é um defensor da “sociedade aberta”, como ele prefere chamar as democracias liberais. “É um compromisso que a América Latina precisa reafirmar”, diz Soros. Segundo ele, figuras como Hugo Chavez surgiram dentro de uma tendência autoritária favorecida pelos altos preços do petróleo – por sua vez, um reflexo da crise energética mundial; a mais grave, séria e difícil crise enfrentada pela humanidade.
É por isso que Soros veio ao Brasil: converteu-se recentemente, afirma, à luta contra o aquecimento global – e vê no etanol uma opção limpa, ainda que não seja uma alternativa em grande escala ao petróleo.
Ele admite que seus investimentos no Brasil, feitos com dinheiro próprio e não dos fundos que administra, não são altruístas. “Eu não quero dizer que esteja sendo guiado pelo altruísmo. São especulativos", disse Soros. "Comecei comprando terras baratas durante a crise na Argentina, e quero transformar a empresa na qual estou investindo no Brasil na líder do mundo no setor de etanol. Vejo grandes perspectivas".
A política econômica de Lula, de acordo com Soros, podia ser menos conservadora; os juros poderiam ser mais baixos e o crescimento, mais rápido. Mas ele declina diplomaticamente a dizer porque o país não destrava.
Na questão ambiental, Soros acha que é a civilização que está em jogo – algo que ele nunca disse antes.
Isso talvez o esteja levando a outras conclusões igualmente contundentes: Soros defende a intervenção de governos para estabilizar os mercados financeiros internacionais – “pois os mercados”, ele diz, contrariando a sabedoria dos economistas convencionais, “não são perfeitos”.
Soros acha que entende hoje melhor o mundo pois foi capaz de entender uma realidade que muitos achavam irreal: o sobe e desce de Bolsas de Valores. Foi graças ao emprego da razão, diz ele – embora, no final da entrevista, deixe transparecer certa resignação: “A razão hoje é utilizada para manipulação política, para manipular a realidade, e por isso é que se chega a resultados que não se queria, como Bush no Iraque”.
Hoje, Soros tem muito, muito dinheiro; mas admite que é um filósofo fracassado –interessado em deixar para a posteridade idéias, e não apenas uma fortuna. “Tenho uma contribuição a fazer à filosofia: ajudar no entendimento da realidade”.
2 comentários:
É difícil de acreditar que com aquela expressão seja capaz do que é !! Inspirador e reflexivo...
Sem fazer propaganda, há tb na Istoé Dinheiro desta semana, reportagem dedicada a Soros e sua investida de U$$ 900 milhões em projetos de álcool no Brasil, bom conteúdo.
Abs,
Diego
"Mas o investidor de sucesso admite que em política perdeu mais do que ganhou: doou muito dinheiro para impedir a reeleição de George W. Bush – para concluir, após o novo mandato do presidente americano, que ... as pessoas em geral e os americanos em particular deixam-se enganar: não querem a verdade; querem apenas sucesso".
Claro!
Pimon
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