Plus500

1.9.07

O Teatro do Faz de Conta

Avaliando os fatos depois de ocorridos, fica muito fácil fazer uma leitura. Mas tudo era relativamente previsível: Bernanke com semblante preocupado e sem entrar em pormenores sobre a política de juros, e o Bush com seu jeito habitual de quem acha que sabe tudo (mas não transmite firmeza) vindo dar uma de bombeiro no meio deste incêndio que eles mesmos ajudaram a criar.

Deram esperanças ao mercado (falsas?). Mas a ajuda teria um cunho social, na tentativa de minimizar as perdas dos consumidores. E estes podem também ter assumido a posição de investidores. Sim, porque muitos compradores de casas não se restringiram a apenas 1 imóvel. Na verdade, especularam no mercado imobiliário, seduzidos pela facilidade e com as taxas de financiamento que acreditavam poder arcar. Burros n'água!

O mercado de capitais americano perdeu boa parte de seu valor, o equivalente a U$ 5 trilhões!!! A maior dúvida, mesmo com a maciça injeção de recursos do Fed para não contaminar a economia, é se o crescimento simplesmente desacelera em um ritmo administrável, ou teremos efetivamente uma recessão!

E o Brasil?

Apesar de ainda não ter sentido fortemente os efeitos da crise, começamos a questionar se a nossa situação é assim tão confortável. Com U$ 160 bi em reservas, um PIB por volta de U$1 tri, saldo positivo na balança comercial e ainda apresentando um superavit primário, a impressão de que estamos imunes é ilusória.

As contas ainda estão positivas devido à acharcante carga tributária. Com um maior controle fiscal, aumentamos a arrecadação, o que faz mascarar a ineficiência e o alto custo da máquina governamental, além do exagero nos gastos públicos para os mais diversos fins. Depois da divulgação do orçamento para 2008, afirmaram que a educação seria a "menina dos olhos". Mas foram destinados apenas R$ 12 bi para dinamizar o ensino. A previdência ficou com mais de U$ 130 bilhões para pagar as pensões e aposentadorias (a maior parte para ex-funcionários públicos e políticos encostados). E é bom perdermos a crença de que vão acabar com a CPMF... sem ela, as contas não fecham!

Enfim, a retomada da tendência de alta nas bolsas pode até vir a acontecer, mas o clima de alívio momentâneo não é suficiente para voltarmos ao estado de euforia que já está tomando a cabeça de alguns investidores. A Bovespa conseguiu recuperar-se das perdas em agosto, e segunda-feira começa outro mês. Muito cuidado! É melhor não fazermos de conta que está tudo certo. ;-)

Ao menos teremos um bom final de semana. ^v^

2 comentários:

Anônimo disse...

BOa reflexão Sea...

O que vejo aqui no Brasil é um processo parecido. A classe media investindo em imoveis na planta p/ ter um ganho em sua valorização (só que com juros bem maiores dos gringos)). Sera que nosso caminho vai ser igual ao deles? Inchar bem essa bolha p depois vir o "susto"?

Com relação aos mercados, enquanto continuar essa liquidez sem fim, os mercados vão continuar nesse clima de festa. Mas ja é uma festa que todos sabem como vai acabar...vai ter uma gde ressaca qdo enxugarem a liquidez....até la é remar com a maré!

Parabens pelo alto nível do blog e bom final de semana!

Seagull disse...

Calvo,
muito obrigado pelas suas considerações e elogios.

Talvez a nossa situação no ramo imobiliário não seja igual por causa dos juros inibidores para alavancagem. Mas já houve, tempos atrás, um problema com a carteira do extinto BHN. Acho que dificilmente teríamos uma bolha por aqui nas mesmas proporções.

Mas sempre ficamos sujeitos aos abalos externos que afetam o mercado. Enquanto a "fábrica de dinheiro" estiver colocando mais verbas, os problemas serão postergados - mesmo que, a qualquer hora, isto venha a tomar maiores proporções.

A liquidez pode ser preservada mas o crédito... (?)

Venha participar sempre que puder, o prazer em recebê-lo é enorme! ;-)

Abs ^v^