Atenção às novas mudanças nas regras da exposição cambial dos bancos, divulgadas na sexta através de circulares do BC. A primeira (3.352) tem aplicação imediata e baixa o patrimônio de referência de 60 para 30%. As outras só terão efetividade a partir do dia 2/7, e tratam de dobrar o requerimento do capital incidente sobre os bancos (3.353), e adiciona os valores compensados internacionalmente ao valor da exposição cambial líquida (3.351).
O que isto significa de fato: mais uma tentativa de conter a valorização do Real. Mas fica a dúvida quanto à continuidade das intervenções do BC no mercado cambial. E com um possível aumento da cotação do dolar por aqui, as relações entre as ADRs e os ativos na Bovespa também podem mudar! ;-)
O que isto significa de fato: mais uma tentativa de conter a valorização do Real. Mas fica a dúvida quanto à continuidade das intervenções do BC no mercado cambial. E com um possível aumento da cotação do dolar por aqui, as relações entre as ADRs e os ativos na Bovespa também podem mudar! ;-)
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Íntegra da reportagem no Valor Online:
As medidas cambiais anunciadas pelo Banco Central na noite de sexta-feira irão produzir impacto imediato de alta sobre a cotação do dólar. Os bancos terão de adquirir a moeda no mercado à vista para reduzir pela metade suas posições "vendidas". O BC diminuiu de 60% para 30% do patrimônio de referência a exposição cambial das instituições financeiras. Além disso, a partir de 2 de julho, aumentará de 50% para 100% a exigência de capital incidente sobre a exposição cambial. Em uma terceira alteração, o BC também determinou que, a partir de 2 de julho, os bancos deverão contabilizar na exposição cambial as operações realizadas por empresas do mesmo grupo no exterior.
O último número oficial, relativo ao final de abril, dava conta de que as instituições carregavam posições "vendidas" de US$ 7,52 bilhões. Não se conhece oficialmente, devido à greve dos funcionários do BC, o posicionamento assumido em maio, mas os analistas acreditam que elas tenham aumentado mais ainda, já que o mês passado foi caracterizado por megacompras de dólares por parte do BC, cerca de US$ 16,6 bilhões, e por pesada desvalorização da moeda americana, de 5,50%. A projeção é de um caixa vendido de aproximadamente US$ 10 bilhões.
As três medidas baixadas pelo BC caminham na direção de diminuir as posições vendidas à vista. Apenas a decisão de cortar pela metade, de 60% para 30% do patrimônio de referência, a exposição cambial pode obrigar os bancos a ir comprar no mercado à vista cerca de US$ 5 bilhões. Não é pouca coisa, embora, na média de junho, o interbancário de câmbio mostre giro diário de US$ 3,9 bilhões. Considerando apenas o efeito desse medida, o dólar, que fechou na sexta-feira cotado a R$ 1,96, deverá subir.
De acordo com os analistas, as providências visam a diminuir as necessidades diárias de compra pelo BC. Segundo os últimos números oficiais conhecidos, referentes ao primeiro trimestre do ano, para um superávit da balança cambial de US$ 17,39 bilhões, o BC adquiriu no mercado US$ 21,9 bilhões. O excedente de US$ 4,51 bilhões refere-se à ampliação das posições vendidas dos bancos enxugada pelo BC.
"No curto prazo, as medidas têm claro efeito de puxar o dólar para cima. Mas depois que os bancos se enquadrarem nelas, a tendência voltará a ser de baixa porque os fundamentos da economia brasileira e os fluxos de capitais externos persistem excelentes", diz o economista-chefe da Grau Gestão de Ativos, Pedro Paulo da Silveira. "Todo mundo sabe que depois que o BC fecha uma brecha os bancos acabam encontrando outras".
Para o ex-diretor do BC Emílio Garófalo, as decisões mostram que a autoridade mudou o seu enfoque cambial. Elas representam a confissão de que existe uma política cambial, e ela deve ser exercida. "Acabou aquela história de que não havia política para o câmbio, que era apenas um apêndice sem importância da política monetária", diz Garófalo. O consultor não concorda com a idéia de que as posições vendidas à vista dos bancos são "não direcionais", ou seja, não forçam a baixa do dólar porque visam a um ganho de arbitragem entre taxas de juros em dólar. O banco capta recursos lá fora e os aplica em cupom cambial na BM&F. E lucra a diferença de taxas sem se importar com a variação cambial do período. "Certamente os bancos não estão especulando, o objetivo pode não ser o de derrubar o dólar, mas o fato é que acabam derrubando o dólar. É como o jogador que não quer fazer o pênalti, mas entra no joelho do adversário. Pode não ter a intenção de fazer, mas que fez, fez", compara Garófalo.
A segunda medida obrigará que os bancos usem 100% de capital próprio para a formação de posições vendidas. Ou seja, acaba o uso de linhas externas a juros mais baixos. A terceira inibe a prática de tomada de empréstimos entre filial e matriz, a taxas subsidiadas, para a montagem de operações financeiras destinadas a ganhar a Selic e compras de dívidas em dólar, já que também passam a integrar o limite da exposição cambial.
Mesmo assim o dolar futuro (DRN7) continua em queda... até agora -1,06%, sendo cotado a 1,9435 !
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