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17.4.08

Copom aumenta Selic em 0,5%

BC eleva juro pela primeira vez desde 2005, para 11,75%

Pela primeira vez desde maio de 2005, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (16) elevar os juros básicos da economia brasileira (taxa Selic). O aumento foi de 0,5 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. A maioria das instituições financeiras, contudo, esperava uma atitude menos agressiva do BC, com elevação de 0,25 ponto no juro, para 11,5% ao ano. No último aumento antes deste, em maio de 2005, o Copom elevou a Selic em 0,25 ponto, para 19,75% ao ano. A partir de setembro de 2005, a taxa caiu em todas as reuniões, até estacionar em 11,25% em setembro do ano passado. Foram então quatro reuniões seguidas de estabilidade na taxa, até o aumento anunciado nesta quarta.

A decisão do BC reflete a piora recente da inflação no país. No último dia 9, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,73% no período de 12 meses até março, acima do centro da meta de inflação. O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central para cumprir o regime de metas de inflação, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O centro da meta de inflação para 2008 foi estabelecido em 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Balde de água fria – Em nota à imprensa, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, declarou que viu com perplexidade a elevação de 0,5 ponto percentual da taxa Selic. “A alta dos juros não se justifica, porque a trajetória atual da inflação permanece dentro da meta estabelecida, não havendo sinais de alastramento da pressão inflacionária”, afirmou Monteiro Neto. A decisão de aumentar os juros de forma mais agressiva em caráter de precaução é o resultado do descompasso entre as políticas fiscal e monetária, disse Monteiro Neto.

O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Julio Sérgio Gomes de Almeida, acredita que com a alta na Selic, "o Banco Central deu início a um processo extremamente perigoso para a economia brasileira". Para ele, "é um sinal de que o BC quer reduzir muito expressivamente a demanda". Gomes de Almeida considera que uma alta dessa magnitude "não é um aumento meramente simbólico, pois deve ter um efeito grave na desaceleração do crescimento da economia". O economista acredita que "mais importante que o aumento do custo do crédito para o setor privado é que a alta de 0,50 ponto infelizmente diz para os nossos empresários não investirem tanto, para os bancos não emprestarem tanto para os consumidores e, com isso, a economia vai sofrer". (AE)



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