Depois da divulgação do fato relevante sobre um acordo do banco Cruzeiro do Sul com o UBS Pactual, foi noticiado hoje nos jornais que o mesmo UBS, um tradicional banco suíço gestor de fortunas, anunciou que avaliará proposta do ex-presidente Luqman Arnold enviada ao seu Conselho de Administração.
Segundo o relatório, o Union de Banques Suisses pode ser dividido em três - um banco de investimento, um de administração de fortunas e um comercial. Com isso, aumentaram as pressões para a venda imediata de sua unidade brasileira, o Pactual, com o objetivo de fazer caixa, redirecionar seu foco de volta às origens, como também cobrir algumas perdas contábeis.
O pior é que, com a crise das subprimes e a "pirâmide" dos fundos de securitização, muito banco estrangeiro de grande porte ficou mal das pernas. Não fosse um sheik (não o milk... um árabe, rs) ter comprado recentemente U$ 9 bi em ações do Citibank, ele também poderia ter ido para as cucúias...
Nenhum deles ficou livre da "bola de neve" com a inadimplência nos imóveis americanos. Socialmente a recessão americana já existe, e tanto a Casa Branca como o Federal Reserve tentam estimular o consumo a qualquer preço para preservar alguns milhares (ou centenas de milhares...) de empregos. O último relatório acusou a perda de 80 mil postos de trabalho... e ainda tem muito mais por vir!
Almocei hoje com o Zarautz, que veio dos States passar uns dias aqui. A coisa continua séria. Ele está rindo de seus investimentos "conservadores" em RF. Como o governo só garante U$100 mil dolares por conta em cada banco, ele teve que virar cliente de dezenas deles. Hoje, ele ainda mantém suas aplicações em CDBs de bancos de primeira linha à uma taxa anual em torno de 5%, apenas por ter se antecipado a este cenário que vislumbrou - e veio aqui compartilhar com a gente. No dia-a-dia é cliente do Wachovia (que se pronuncia Uacouvia), mas disse que também não concentra muita coisa lá.
O cara não dá ponto sem nó. Ele recordou que durante o período FHC - quando o dolar chegou a valer R$0,85 - converteu todo seu dinheiro em dolar e mudou-se para os EUA. Nem mesmo quando o câmbio chegou a 3 reais ele se incomodou. E agora então, com a turma do Lula no poder, diz que não traz seu patrimônio de volta tão cedo. Trabalhou muito tempo no Itamaraty, e conhece as entranhas dos governos como poucos. Não é afeito à politica, e, tecnicamente, segue a sua cartilha independente de declinar a oportunidades frugais. Seu ponto de vista objetiva sempre o longo prazo, sem deixar de viver com extrema qualidade e usufruir do que o sucesso profissional e estabilidade financeira lhe proporcionam.
O cara tem mesmo estrela... não caiu no "conto" da bolha na Nasdaq (com as falidas "ponto.com"), e saiu ileso desta crise imobiliária. Enquanto as filhas desdenhavam de seu pouco apetite ao risco - por deixar de investir no "promissor" mercado de capitais americano, ele hoje provou que, ao longo dos últimos 10 anos, sua renda foi superior a delas - sem correr tanto risco!
Mas também não deixa de estar preocupado com o que está à sua volta. Pela situação da economia americana, de uma forma geral, ninguém arrisca a dizer onde isto pode parar. E ainda terão eleições presidenciais pela frente. Na disputa democrata do Obama com a Hillary, os que podem acabar se beneficiando são os Republicanos. Resta o consolo de que o Bush não é mais candidato. E o seu sucessor pode acabar sendo o John... Mc Cain!
Mac queim????
Do amigo Zarautz, vale recordar algumas colaborações enviadas por nosso correspondente internacional. Para quem se interessar:
19.01.07 - Quanto ao Mercosul...
05.02.07 - Testando
26.06.07 - Save Earth!
18.08.07 - Cenário da Crise e seus Efeitos no Brasil
31.08.07 - From USA
03.09.07 - The Economist
10.09.07 - Is a Recession Dead Ahead
06.10.07 - As Comunidades Financeiras...
Boa leitura! ^v^
5 comentários:
Excelente texto Seagull, e parabéns ao correspondente internacional, nos deixando sempre antenados com a situação americana.
Essa semana houve um acúmulo de analistas apostando na inflação, especialmente alimentos, para o mundo todo principalmente na Ásia, o que você pensa dessa possibilidade.
[]`s
como dizem os americanos,
better safe than sorry.
a quantas anda a inflação por lá, e tirando o imposto de renda, qual rendimento final líquido.
mas reconheço, é por raciocínios como esse que os agentes financeiros acabam se expondo a riscos mais altos.
Valeu Gandalf.. o snúmeros d inflação já vêm pressionados não é de hoje, puzados pelo aquecimento na demanda provocado pelo aumento do poder aquisitivo nas economias emergentes.
Os alimentos que antes estavam "em falta" na mesa das famílias de mais baixa renda, agora começam a "fartar" (não é sutoque caipira não, rs) nas dispensas das classes ditas menos favorecidas.
Na Ásia, apesar do aumento na produtividade por hectare em função de novas tecnologias, o povo também não pára de crescer, o que impinge uma maior escala na oferta de comida.
Estas contas são sempre dificeis de serem equacionadas.. enquanto nos EUA estimulam o consumo e a população prioriza casa própria e SUVs, no resto do mundo a prioridade ainda é encher a barriga!
Wil, seguro morre de velho (aqui no Brasil se tiver plano de saude)... nos States estão usando o "dinheiro grátis" para aumentarem a farra e o rombo...
Juros reais negativos é um problema. Quem vai aplicar suas economias, agora a 2%aa, se a inflação é bem maior do que isso. Pensam que é melhor gastar antes que o dinheiro não valha nada!
Assim começa (?) a derrubada do império!
Dois trimestres com GDP negativo e o país estará tecnicamente em recessão. De fato ela já uma realidade (socialmente ninguém tem mais dúvidas)
Abs ^v^
Valeu Seagull.
[]'s Gandalf.
Ehehehe... nada como colaboradores de qualidade para estimular nosso raciocínio e dar vontade de desevolver ainda mais as idéias.
O Zarautz não é um mago (como o Gandalf, rs) mas tem uma leitura muita isenta e embasamento de sobra para que eu - e todos os demais - reflita bastante a respeito do que ele escreve.
Sabemos que a prática nos leva a perfeição (se é que isto existe).. mas nada como a experiência para falarmos com propriedade daquilo que vivenciamos.
E cá entre nós: o cara fez o Rio Branco, foi um dos primeiros da turma (colega do Celso Amorim) pode escolher a cidade de Washington para atuar como diplomata do Itamaraty - enquanto muitos preferiam o glamour de Paris, Londres - ele foi para o olho do furacão.
Além de intermediar vários acordos (e conflitos) com os países vizinhos da AL, e fazer complicadas negociações com os africanos. Lembro quando ele foi para a Nigéria, tratar de alguma coisa referente ao petróleo, em nome do Brasil, e de outras histórias mais que não estou autorizado a publicar.
Enfim, quando no ano passado ele acusou que a coisa estava indo para o buraco, talvez ela já estivesse no meio do caminho. Só que o mercado mundial ainda era bull... e quem iria convencer os eufóricos que tudo poderia estar mudando.
Forbes, The Economist, BusinessWeek, Observer... não são leituras para qualquer um!
Stay tuned ;-)
Abs ^v^
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