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13.4.09

PETROBRAS: duas vertentes, muita discussão

Interessante como o mercado financeiro gera leituras tão diferenciadas em relação às empresas e cenário econômico de um modo geral. São pontos de vistas concretos, bem fundamentados, com base em pesquisa e, mesmo assim, nunca se chega à uma só conclusão. A impossibilidade do consenso - que ocorre em raras situações - faz a liquidez nas negociações ser fruto justamente dos posicionamentos contrários.

Quando tratamos de uma empresa como a Petrobras, principal carro-chefe da Bovespa, que desperta sentimentos antagônicos nos investidores, como amor e ódio causados por perdas ou ganhos, mexe com o nosso orgulho por ostentar a bandeira nacional, e um certo desgosto de alguns por ser gerida com influências políticas dos atuais mandatários da nação, o debate cresce e ganha proporções que vão além da razão, do aspecto financeiro, com defesas inflamadas (muito perigoso quando lidamos com combustíveis) e contrapontos indignados, que chegam a beirar o confronto entre torcidas fanáticas por times de futebol.

No mercado, tudo já é controverso por natureza: discute-se o papel do investidor e especulador, do timeframe - curto, médio ou longo prazo, dos posicionamentos (bull x bear) da origem e eficácia das análises (gráfica ou fundamentalista), e ainda há quem diga que os temas tratados nos fóruns são áridos (???).

Como desenvolvimento dos estudos, vou postar abaixo duas leituras da empresa, suas perspectivas e cenário energético - com a exploração e consequências do uso da commodity - exemplarmente elaboradas no Monitor Investimentos, por Polycrav e Older:

PETROBRAS

1) As perspectivas futuras são bastante conhecidas e comentadas pelo noticiário econômico. Os fatores que mais influenciarão suas cotações são: a capacidade de controlar os custos; o sucesso na exploração da camada pré-sal e a manutenção do Petróleo em níveis de preços viáveis. A companhia é das poucas que ainda pode expandir de forma relevante sua capacidade produtiva e tem um ambicioso plano de investimentos para tanto.

E o que você está pagando por tudo isso?

A Petrobras negocia com Preço/Lucro 8. Ou seja, o mercado espera que o patamar atual de lucratividade se manterá no médio prazo. Ações de empresas que possuem P/L mais alto significa a precificação no presente de eventual aumento futuro da lucratividade. Não é o caso da empresa. O P/L também não está baixo o suficiente para sinalizar a crença de que o petróleo continuará caindo de preço e que os investimentos recentes que estão sendo realizados não se mostrarão exitosos.

O Preço/Valor patrimonial está em 1,9. Isto significa que o investidor atualmente aceita pagar mais pela empresa do que o seu próprio valor contábil, traduzido pelo patrimônio líquido. Há íntima relação entre o indicador Preço/Valor Patrimonial e a Rentabilidade Operacional (ROE - ou RPL como no quadro dos indicadores fundamentalistas). No caso da Petrobras, o ROE dos últimos 12 meses equivale a 23,8%, sinalizando que o capital próprio utilizado pela empresa gera retorno superior às taxas de juros.

O Dividendo dos últimos 12 meses em relação á cotação atual está em 2,7%. A cifra é baixa se comparada a inúmeras outras companhias do setor elétrico e de telefonia. No entanto, empresas em fase de forte crescimento costumam reinvestir os lucros na própria atividade. Isto é benéfico ao investidor quando o retorno sobre o patrimônio líquido supera o custo de capital, o que é o caso da Petrobras. No futuro, o investimento em mais capacidade produtiva pode se traduzir em mais proventos a serem distribuídos aos acionistas.

Portanto, o preço pago hoje pela Petrobras sinaliza que o mercado acredita que o petróleo continuará sendo uma importante fonte de energia e que os preços da commoditie gravitarão ao menos um pouco acima do atual. Caso a cotação do Petróleo volte a subir e/ou os investimentos na camada pré-sal tragam bons retornos, a tendência é que as cotações se elevem no médio e longo prazo.

No curto prazo, o movimento mais relevante virá do fluxo de capital estrangeiro. Na hipótese de os investidores de outros países voltarem a aplicar no Brasil, um caminho natural é a exposição nas ações mais líquidas num primeiro momento, o que contribuirá para a alta das cotações. No longo prazo, no entanto, são os resultados corporativos que ditarão os rumos da empresa na bolsa. - Poly

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2) A longo prazo, na medida que novos campos são desenvolvidos os mais antigos e rentáveis são consumidos. A pesquisa e desenvolvimento se torna cada vez mais cara para aumentar o nível de recuperação dos reservatórios ou extrair o óleo dos novos campos principalmente da camada de pré-sal.

A única possiblidade seria com o preço do oil nas alturas. Mas para os quem tem reservas a muito baixo custo, os países da OPEP por exemplo, não há interesse que o preço do oil ultrapasse certos valores, com isto, o desenvolvimento de campos em águas profundas e técnicas de recuperação acabam se tornando economicamente inviáveis.

Acima de U$100 o barril, a energia alternativa qualquer que seja acaba sendo viabilizada. Até mesmo o uso de células de hidrogênio, baterias de litio etc. Sem mencionar os óleos comuns de mamona, álcool etc.

O grande desafio da Petrobras não é descobrir mais campos de petróleo e sim desenvolver metodologias e técnicas menos custosas que permitam a empresa explorar os campos com lucratividade.

Alguns entraves típicos de uma estatal de país de terceiro mundo se apresentam e interferem diretamente na lucratividade a longo prazo:

O despreparo de sua direção, o inchaço induzido por apadrinhamentos, corrupção, ingerência politica, etc. além das naturais dificuldade em P&D (o investimento nesta área poderia ser melhorado) não permitem concluir que esta estatal esteja no caminho certo para os desafios deste século.

Exemplos práticos podem ser vistos em todos os lugares, as sedes regionais suntuosas, verdadeiros palácios, gastos estratosféricos com seminários e cursos diversos, verdadeiros festejos, lotando às vezes hóteis de alto luxo até por uma semana. Duplicidade de funções entre gerências diversas (basta ver o organograma da empresa), contratação de especialistas para fazer o trabalho de seus funcionários concursados (estes existem mas na maioria das vezes não fazem o que lhes é solicitado). - Older

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Para eu não deixar de juntar minha opinião (talvez do conhecimento de quem acompanha o blog e até os debates do Fórum MI) , vejo a coisa como um complexo mosaico que é composto pelo cenário econômico mundial e suas demandas por produtos energéticos, a especulação na commodity, o aspecto de preservação do meio-ambiente como prioridade para sobrevivênciada espécie humana, e, muito importante, o fato do estado ser o maior controlador da empresa, sujeitando ela a ingerências políticas e interesses partidários (vide caso recente com o Banco do Brasil).

Vale a pena rezar por uma alta no preço do óleo para ganhar em Petro? A produção e consumo de combustíveis fósseis é bom para a saúde da humanidade? Tem muita gente que torce por todo tipo de catastrofes, para ganhar umas moedinhas na especulação... isso faz sentido?

Aqui em casa ainda temos boas cotas do FGTS em PETR3, que só é mantida em carteira por não haver outra opção melhor. Nada a ver com especulação... meu sonho é por um mundo mais justo e equilibrado. Se já parasse de piorar seria um alento. Mas nem isso os atuais dirigentes conseguem, a espiral descendente continua. Cada dia vejo mais meninos e meninas nas ruas... o aspecto econômico afeta diretamente o social, e esta distribuição de renda, embora exista, atende mais a interesses políticos. Não me enganam...

Podemos ganhar nosso dinheiro honestamente sim no mercado, mas os problemas vão muito além disso.

A minha maior desconfiança não é com a Petrobras, ou em seus profissionais altamente competentes. Mas fundamentalmente nos seus controladores. A postura em relação ao BB foi uma mostra clara disso. Mesmo que o motivo para demissão do presidente do banco tenha sido outro, o que eu acredito de fato, não sendo por estarem incomodados com o lucro (trata-se de uma instituição financeira), nem com os nítidos "benefícios" à população propostos pela redução nos juros, considerando que houve alguma coisa escusa na aquisição do Votorantim, ainda assim mostraram que transparência e governança não é o forte dessa turma.

Se fosse para implementar medidas sérias e concretas por que não fizeram isso pela Caixa Econômica? Fomentar o desenvovimento e como BNDES e política monetária é atribuição do BC, junto com o ministério da fazendo e os demais que compõem o Copom. Tripudiaram os acionistas minoritários, e, no caso de uma empresa mista, não foi legal. O povo tem memória curta e esquece rápido. Por que ninguém mais comenta o arroubo da Petrosal ? O dinheiro não era dos brasileiros? Ou "daqueles" brasileiros que votam em seus aliados? Acionista minoritário é um detalhe...

Somos "beiradistas" nesse mercado. Como não temos as informações privilegiadas que os "amigos" e familiares distantes (?) dos controladores têm acesso antes da gente (seja empresa pública ou privada), só podemos mesmo beliscar parte dos movimentos. E tentar tirar uns lucrinhos honestamente!

^v^

Um comentário:

Marcio disse...

Retificação:

Por pura falta de atenção minha (assumo esta responsabilidade) transcrevi o debate como sendo de autoria nossa, mas, na verdade, tomei conhecimento pelo amigo e colaborador Gui Rodrigues, que o trecho publicado com os comentários do Poly, fazia referência a um estudo do nosso parceiro Small caps (Anderson Lueders).

Só para sermos justos e fiéis na citação dos autores quando postamos algum material de fontes externas.

O estudo na íntegra, com a análise da Petrobras atribuída ao Polycrav, pode ser acesaado neste link:

http://newsletter.blogs.advfn.com/newsletters-especiais/e-um-prazer-anunciar-mais-um-servico-gratuito-para-voce

Att

^v^