Plus500

4.4.07

O dito "controle" de tráfego aéreo

Assim como, em um micro-universo, o Comandante de uma aeronave é o responsável pela sua operação, todos os aviões estão sujeitos às ordens dos órgãos de controle. A estes muitas vidas são confiadas - dos tripulantes, passageiros e até da população que tem suas casas sobrevoadas.

Mas como isto funciona? Começa desde a apresentação dos pilotos na sala de "briefing": a partir da origem, considerando todos os aspectos meteorológicos, rotas, níveis de altitude em cruzeiro, alternativas de pouso, condições técnicas do equipamento (manutenção), número de passageiros, o peso / volume (além do tipo) de carga, quantidade de combustível necessário, tudo é computado em um plano de vôo que gera um relatório para a navegação em rota até o destino. Isto é levado ao Centro de Controle que aprova ou sugere alterações conforme a disponibilidade do espaço aéreo.

Uma vez definido o plano, os tripulantes dirigem-se ao local onde o avião está parado e começam a fazer a preparação da cabine e a lista de verificações (checklists). Estando tudo Ok, é solicitado via-fonia, uma confirmação da autorização de vôo para, assim que tudo estiver pronto, dar início à jornada. O próximo passo é solicitar ao controle de SOLO, permissão para acionamento das turbinas e o "push-back" (aquele movimento em que o avião é empurrado por um trator até a taxiway). Ainda dentro do pátio são ligados os motores e, na mesma frequência do SOLO, são copiadas as instruções de taxi até a cabeceira da pista em uso no momento - geralmente a com maior comprimento (para oferecer maior segurança em caso de um decolagem abortada) e onde esteja a componente de vento frontal. Chegando ao ponto de espera, passa-se à escuta da TORRE que libera o ingresso na pista e posterior decolagem.

Ao "take-off" o vôo é transferido da TORRE do aeroporto para o CONTROLE da terminal, por onde a subida é monitorada. Ao cruzar uma determinada altitude (entre 10 e 18 mil pés) finalmente o CENTRO de controle assume a navegação da aeronave até o limite de sua jurisprudência (em um vôo RIO-SP isto se dá nos arredores de Ubatuba) . E assim vamos até chegar ao destino, quando ocorre o inverso: CENTRO-CONTROLE-TORRE (que autoriza o pouso) e SOLO, até o "parqueamento" definitivo no "finger", posição remota ou hangar.

Ou seja, deve sempre haver uma extrema coordenação entre as aeronaves e os diversos órgãos de controle em suas áreas de competência. Agora imaginem como estamos totalmente nas mãos deles!!! Um erro, imperícia, ou negligência, pode ocasionar acidentes fatais. E isto é muito sério!!! Investimentos pesados e imediatos são imprescindíveis neste momento para que a segurança no transporte aéreo não fique inteiramente comprometida!

Pouco adianta comprar mais aviões, aumentar as frequências, se não houver uma infra-estrutura adequada que oriente e ordene as chegadas e saídas do fluxo (principalmente nas horas mais críticas de congestionamento). E a GOL e a TAM neste cenário? São reféns disto tudo para poderem almejar o crescimento esperado. Quanto tempo será requerido até colocarem ordem na casa e o vagão voltar aos trilhos? A formação de novos controladores é demorada, e depender da boa vontade dos sargentos - com seus baixos soldos, não parece criar uma perspectiva favorável no curto prazo. A complexidade é enorme e envolve vários segmentos da economia, dependentes do serviço em um país com dimensões continentais como é o Brasil. Mas quem quiser investir no setor pode deixar uma boa herança para seus netos. Talvez a recompensa possa vir antes... se nenhum desastre, ou atentado terrorista, vier piorar a situação.

Pull Back ou Push Back? ;-)

2 comentários:

Anônimo disse...

Para pilotos, segurança está em xeque - FOLHA de S.PAULO

Categoria diz que controladores de vôo mentem com o objetivo de atrapalhar o tráfego e piorar ainda mais o caos aéreo


A crise aérea brasileira, que parece não ter fim, ganha novos ingredientes: agora, são pilotos e comissários que reclamam estar no limite do estresse e do cansaço e já falam abertamente que a segurança dos vôos está em xeque.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, está em Brasília, onde tenta, hoje, uma reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para informar sobre a gravidade da situação e pedir apoio para resolvê-la.
Uma das principais preocupações da categoria é o embate entre pilotos e controladores de vôo. Os aeronautas acusam os controladores de mentir com o objetivo de atrapalhar o tráfego e aumentar o caos nos aeroportos.

De acordo com o vice-presidente do sindicato, Gelson Fochesato, há casos em que os controladores informam não haver vagas nos estacionamentos dos aeroportos, impedindo a aterrissagem das aeronaves, mas são contestados pelos funcionários da empresa que se encontram em terra.
"Aí, começa uma confusão muito grande, porque o controlador não quer que o piloto se aproxime da pista, e o piloto fala que tem que se aproximar porque o controlador está mentindo para ele. Isso já não é mais segurança de vôo, é uma mentira", disse.

Outra situação que o sindicalista afirma ocorrer é a de o controlador mandar o piloto reduzir a velocidade da aeronave, em razão do tráfego, mas os equipamentos internos do avião mostrarem não existir nenhum outro aparelho em um raio de 100 quilômetros.
"O clima está muito estressante, e os pilotos não estão mais agüentando. Os pilotos de todas as empresas aéreas, sem exceção, estão bastante revoltados, estressados, ao ponto de quererem ir para um conflito direto e passar a não mais obedecer os controladores, o que vai gerar um caos total", afirmou o sindicalista.

Além do embate entre controladores e pilotos, fruto do estresse, o sindicato também aponta o cansaço pelas longas horas trabalhadas. Fochesato afirma que quase todos os pilotos no país estão trabalhando acima das 12 horas permitidas por lei. "[A situação] Está muito estressante e tem colocado a segurança de vôo em xeque."
A chefe do setor de fiscalização do DRT (Delegacia Regional do Trabalho) de São Paulo, Ana Palmira Arruda Camargo, informou, no entanto, que até ontem não havia nenhuma denúncia desse excesso de horas trabalhadas. Se de fato ocorrer a reclamação, o órgão irá fiscalizar e multar, caso a denúncia seja confirmada.

Controladores
A Aeronáutica informou não ter conhecimento das afirmações feitas pelo sindicato dos aeronautas e não comentou o teor das denúncias.

A TAM, a Gol e a BRA foram procuradas para comentar o que estão fazendo para tentar diminuir o estresse e o cansaço dos funcionários, mas nenhuma das companhias respondeu o pedido.

Miceslau Olkowski disse...

Me contaram que os controladores de voo fazem turno de 6 horas de trabalho por 3 dias de descanso. Isso é verdade?

De qualquer forma, pelo que ouvi da imprensa, o nosso querido presidente já autorizou a contratação de controladores estrangeiros - e a julgar pelo polpudo salário que recebem - por volta de R$ 3.000,00/mes - será que vai formar fila de interessados?