Plus500

20.5.07

O câmbio e o mercado de ações

Como investir na bolsa com o dólar baixo

Estava lendo o Blog do Investidor no Portal Exame e, do último artigo escrito por Claudio Gradilone, destaquei alguns trechos que merecem ser comentados:

"Já faz tempo. Na verdade, quase 13 anos. O Plano Real, última e bem sucedida tentativa do governo anterior para reduzir a inflação, vai comemorar seu décimo-terceiro aniversário daqui a pouco mais de 40 dias. Nesse período, muita coisa mudou".

Sem dúvida a situação da economia e maior liquidez mundial está bem diferente, assim como a percepção do Brasil neste cenário, sem o peso da dívida externa, com fartas reservas cambiais e de um fluxo constante com ingresso de recursos externos em busca de melhores rentabilidades.

"A principal alteração ocorreu devido à taxa de câmbio. Nos primeiros meses do Real, com juros superiores a 40% ao ano, o Banco Central deixou os dólares entrarem aos borbotões no mercado brasileiro. Com isso, a moeda americana chegou a valer 86 centavos de real. Isso mesmo, o real valeu mais do que o dólar por vários meses.

Como não poderia deixar de ser, essa distorção cambial teve um efeito devastador sobre as empresas brasileiras. Sem a proteção do câmbio, as empresas exportadoras perderam mercados. Não passava um dia sem que algum ícone corporativo brasileiro não fosse comprada por uma empresa internacional. Setores inteiros, como o de autopeças, por exemplo, foram desnacionalizados e saíram das bolsas de valores".

Em compensação, hoje temos mais ofertas primárias com a abertura de capital de diversas empresas em busca de uma maior capitalização para novos investimentos e ampliações de seus parques industriais por um custo de dinheiro bem mais barato obtido através das IPOs. Além disso, o volume negociado no mercado secundário multiplicou-se consideravelmente, e a confiança nos sólidos pilares de nossa economia proporcionou uma sensível queda na avaliação do risco-país, atraindo mais recursos para os emergentes.

"De certa forma, a situação atual é parecida com a dos primeiros meses do Plano Real. O real valorizado tira a competitividade das empresas brasileiras. Há, inclusive, um agravante: o dólar deverá permanecer baixo por muito tempo. Em uma palestra no BNDES no Rio de Janeiro, o economista José Roberto Mendonça de Barros disse acreditar que o dólar possa permanecer abaixo de dois reais pelos próximos dois anos.

Isto é uma hipótese, não há como garantir que ficará assim por tanto tempo!

"O dólar barato representa um incentivo a importar em vez de produzir aqui e a transferir unidades para o exterior. Essa situação deverá atingir em cheio os resultados das empresas industriais, especialmente as que exportam.

O que fazer, portanto? Ao investir em ações de empresas industriais na bolsa, olhe com cuidado se são exportadoras e se seus produtos são competitivos. Alguns setores (como a siderurgia) e algumas empresas (como a Embraer) são tão eficientes no que fazem que deverão sobreviver à esse longo deserto de real valorizado".

Acredito que com o aumento do poder aquisitivo da população (das camadas mais baixas, principalmente) devemos redirecionar o nosso foco, e ficarmos atentos também, para a evidente expansão de nosso mercado interno, passando a observar o potencial de empresas voltadas para suprir as necessidades básicas do
crescimento da nação, assim como a capacidade de atenderem à demanda por insumos para obras de infra-estrutura, logística e serviços essencias para a sociedade, não restringindo nossas análises apenas às empresas que dependem de suas exportações.

Um comentário:

Seagull disse...

Mas as ações em geral, dependem do movimento do mercado como um todo, e fica inegável a situação de extrema valorização do índice acima de 52.000 pontos.

Até quando a China vai ficar apenas ameaçando tomar medidas para conter seu crescimento exagerado, e os US Markets continuarão refletindo o passado de glórias e lucros da economia americana, que há tempos, vem demonstrando sinais claros de fraqueza...?