Plus500

4.6.07

Mercado de Opções, o lado negro da Bovespa.

Dia destes a Bovespa divulgou números que julga expressivos e positivos acerca da quantidade de contratos negociados no mercado de opções, comparando-os com os de outras bolsas mundo afora.

SMJ, ou sqj, e independentemente de citarmos as quantidades, por irrelevante, a comparação carece de consistência e qualidade para justificar o júbilo que lhe adornou a publicação.

A avaliação é infeliz e inadequada, pois compara alhos com bugalhos, os alhos de lá com os bugalhos daqui.

A impropriedade do cotejo decorre da simples mas significativa diferença entre o produto distorcido que se negocia aqui e a qualidade autêntica e genuina da opção operada em outras bandas.

Na NYSE, por exemplo, tem-se negociadas concomitantemente várias séries de opções de compra e de venda, ambas com liquidez parelhas, e com vencimentos longos, caracterizando o uso adequado da opção como intrumento de hedge.

Opção, por definição e conceitualmente, é ferramenta para fazer-se seguro, proteção contra riscos de médio-longo prazo. Por isso, vê-se na bolsa citada contratos em aberto com vencimentos de até janeiro de 2009.

Aqui não, a opção não passa de mera roleta simulada ou dessimulada num instrumento de hedge.

Afinal, pode-se chamar de seguro a aquisição de uma opção cujo vencimento é de 30 dias? Opção de 30 dias é fraude e como tal somente pode servir como base à jogatina cassiniana que denigre a já tão combalida credibilidade da Bovespa. Por acaso alguém faz seguro do carro com prazo de 30 dias? Já pensaram no ridículo que seria o desvirtuamento do uso dessa proteção, obrigando à renovação mensal? Ainda não se terminava uma vistoria e já seria hora de pedir outra...

Em cada vencimento são negociados ao longo dos 40/45 dias de vida cerca de 4 bilhões de contratos, mantendo a média diária de 100 a 130 milhões de contratos em aberto.

Depois dessa farra de bois e vacas, são exercidos, considerada a média histórica, apenasmente 10 milhõeszinhos, se é que o mico e os números da Bovespa não mentem. Pelo mico eu garanto que não...

Nada mais se poderia esperar desse cenário - em que os fundamentos das empresas cujas opções são as mais negociadas apontam para rentabilidade entre 25 a 30% anuais -, senão um ambiente de autêntico cassinão, pois que os juros embutidos nos prêmios das séries com preços de exercício mais distantes da cotação à vista ( vulgo OTMs) são incompatíves com as taxas de rentabilidade anual e alcançam níveis de até 10% ao mês, ou período menor.

Isso ressalta o quanto é temerário pagar-se ônus tão exorbitante para comprar a esperança de ver a ação subir mais de 10% no mês para só então começar a colher lucros nos prêmios adquiridos.

Fácil perceber-se o ato insano que é a compra opção nesse mercado de jogo. Com todo respeito, é uma aquisição idiota.

Se idiota é o comprador, o vendedor não passa de um agiota, cuja ganância por taxass dignas de cheques-especiais lhes impede respeitar os limites sensatos do risco. E como todo agiota, ao praticar a agiotagem via VC - venda coberta, um dia acaba caindo do cavalo pois que na maioria dos vencimentos as altas taxas de juros não se confirmam ao fim do vencimento, já que dependem de boa alta no papel que raramente se confirma. Até que chega um vencimento, raro, em que a ação explode de subir e o agiota fica também com cara de idiota e tem que entregar sua relíquia exercida.

Você aí, veio pra comprar ou pra vender? Qual o papel que lhe cabe encenar?

A escolha não será difícil nem problemática se o processo de decisão subjetiva não se deixar envenenar pela ganância dominadora das gentes quando se aproximam de uma mesa de jogo.

Um indício objetivo e certeiro que diferencia o investidor do jogador é a quantidade operada: se compatível com os riscos suportados normalmente pelo capital em jogo ou se alavancada potencialmente, visando numas poucas tacadas a calça-de-veludo ou a bunda-de-fora.

Ao alavancarmos as operações com certeza passamos a integrar a turba ignara dependente do cassinão das opções... Viemos para jogar ou para investir?

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Não bastasse isso, vem um cão e lança um livro induzindo incautos a Investir em Opções.... durma-se com um barulho ou com um cão desses.

Desde quando opção é título bursátil adquado para investimento? Se o título já engana, imaginem o conteúdo, que boa coisa não deve ser porque o autor reiteradamente afirma que só se deve "aplicar" na bolsa o "dinheiro da pinga", ou seja, o dinheiro que a gente não vai necessitar em época ou hipótese alguma.

Ora, se é pra fazer uma bobagem dessas não há necessidade se ler nada, né não, mermão?

até de repente, gente, e cuidado com as leituras

4 comentários:

Anônimo disse...

Isso!!!!

Pimon

mico disse...

Caro Pimon, nunca dantes tive e certamente no futuro jamais terei a satisfação de ler um Isso!!!! com a força de expressão, com o forte significado explícito e implícito brilhantemente cristalizado nessa manifestação tão simples quanto de excepcional valor.

Esse Isso!!! sintetiza de forma simples, mas de uma amplitude inimaginável, laudas e laudas de um apoio inestimável.

Obrigado pela manifestação.

[] mical

Seagull disse...

Investindo em Opções???

Seria mais adequado caso o título fosse mesmo "Especulando..."

Mas um livro não pode ser avaliado apenas pela capa, e este ainda parece ter um conteúdo duvidoso... mas o objetivo não é ensinar e sim vender!
Como há quem compre, isto eles fazem bem.

Anônimo disse...

concordo com o mico
esse livrro pelo visto vai alimentar mais a teoria da ruína vigente na bovespa

Alan JP