Amigo, o título correto do livro deveria ser "Investindo o dinheiro da pinga no jogo de opções".
Faz muito bem você em procurar resenhas ou opiniões sobre o conteúdo da "obra" antes de perder dinheiro em comprá-la.
Quem a leu não poderá, consciente e lealmente, recomendá-la, até porque o próprio autor reconhece implicitamente sua inutilidade ao alertar para o fato de que só se deve utilizar o método oferecido para jogar, no máximo, o dinheiro de pinga, aquela grana que a gente tem certeza de que nunca vai precisar.
Aliás, a falta de mérito não é privilegio só desse livro cão, não. Nenhum deles se presta ao objetivo proposto que seria o de capacitar com conhecimentos suficientes seus leitores para operar o derivativo super ativo. Nesse ponto, o cão marca um ponto, ao confessar a inutilidade da obra.
Os livros sobre o tema, quase todos tradução de obras alienígenas, são inúteis e inadequados ao fim que se destinam, porque não respeitam as características personalíssimas no nosso "mercado de opções" claramente voltado para o jogo mensal, em que as opções deixam de cumprir seu papel técnico de hedge, defesa de patrimonio, seguro contra altos riscos de médio e longo prazo, para se transformarem numa roleta de 30 dias, travestida de opções.
As traduções abordam o derivativo de forma extremamente técnica porque atendem à realidade operacional dos mercados do norte em que as opções são realmente utilizadas como hedge, seguro - independentemente de servirem secundariamente de jogo para quem quer jogar - e tem vencimentos de médio e longo prazo, podendo-se hoje negociar séries com vencimento em até 2009. Assim sendo, lá tem muito sentido aprender deltas, thetas, gammas e outras gregas menos badaladas.
A realidade de lá exige isso, ao contrário daqui, em que basta usar regra de 3 para calcular o juro mensal de cada série de trinta dias.
Os livros de lá não servem pros jogadores daqui porque narram as regras, estratégias e mumunhas de uma partida de futebol americano, em que marca gol, faz ponto, aquele que chuta a bola por cima do travessão.
Aqui não, mermão, no futebol daqui o operador-jogador tem que chutar a bola no gol e num prazo curtíssimo de 30 dias, sem direito à prorrogação, sob pena de tomar no... no... no começo de jogo um brilhante cartão vermelho, para ver melhor a bobagem que fez.
Por isso, foi uma enorme blasfêmia apelidar a peça de Investindo em Opções. O título é uma grande mentira, uma forma acintosa e enganosa de desrespeitar os iniciantes e novatos no mercado. Uma autêntica VE = verdadeira enganação.
Onde já se viu falar em investir em opção se por aqui até as ações dignas de investimento contam-se nos dedos? de uma só mão? (essa o Lulão disse que não sabia, também e como sempre, e por isso usou contou só 4...).
Amigo, faze bem em procurar referências, recomendações, pois estás diante de um dilema de difícil solução: escolher um livro sobre opção que se adapte ao nosso mercado não é mole não.
Até porque, primeiro, a maioria dos livros estrangeiros não falam, claro, a nossa lingua bursátil e porque as regras gregas de modelos matemáticos lá usados são inúteis para o pano-verde daqui.
E, segundo, porque para falar o necessário e suficiente para operar por aqui, um livro sério sobre opções não deve ter mais do que 20 páginas, e tanto se for usada a fonte 16 para a impressão, essa é a impressão que tenho...
E tem mais, qualquer livro sério sobre opções deve conter uma introdução narando a história das nossas bolsas, falar da pioneira e saudosa BVRJ - Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, que faliu por causa exatamente desse cassinão de opção e das brigas das bancas (entendam como banca uma quase formação de quadrilha)no submundo dos bastidores, introdução indispensável para transmitir aos novatos a característica perversa de jogo, de jogo bruto marcado por uma volatilidade muitas vezes agressiva e artificialmente engendrada, do que decorre um altíssimo grau de risco.
Em vez disso, de falar da história real e triste do curriculum do cassinão, suas marcas e mazelas, ficam a contar histórias idiotas sobre opção, falando das tulipas, da opção de casamento nos tempos bíblicos e de outras matérias próprias para encher linguiça e engrossar a obra pífia com umas paginas a mais.
Não tem competência nem conhecimento para dizer que opção é um direito inserido num contrato de compra e venda, que dá ao titular a alternativa de completar ou não a compra.
Simples assim, simplicidade de mico, não de cão.
Pois o autor do livro cão faz exatamente o contrário do que seria de desejar, não fala do passado negro das opções, sempre escondeu e continua a esconder o lado negativo desse jogo, chegando ao cúmulo de afirmar que no cassinão não existe manipulação por parte das grandes bancas.
Existe sim, claro e às claras, como provam as recentes peripécias pseudo-administrativas envolvendo a Telemar e sua troupe de mágicos 171, e também é certo que têm nos sardinhas seus alvos prioritários; a briga é entre eles e quem não aceitar essa realidade começa a perder antes mesmo de começar a apostar...
Além da grave omissão, de falar parte da verdade - a menor, é verdade -, faz a temerária afirmação de que basta a matemática para se ganhar nas opções. E engrossa essa asneira dizendo que não importa se o mercado vai subir, vai cair ou vai ficar de lado.
Porra!!! se o resultado de cada operação depende do rumo que a ação seguirá, como se pode operar se a gente não apostar numa queda ou numa alta? Peuta absurdo, ô meu!
Gentem, onde não há certeza matemática tudo vira aposta. Qué apostá?
Para operar opção daqui, especialmente para fazer a decantada, heheh, VC - venda coberta basta calcular 2 taxas de juros, a TR e a TP. Assim:
TP é a taxa prometida ou taxa esperada se ação subir até o valor do preço de exercicio.
É calculada dividindo-se o valor da venda pelo valor atual da ação.
Na H52 temos strike 52,oo + premio 1,05 = 53,05;
Então TP = 53,05 / 50,50 = 5,05%, taxa pra agiota nenhum botar defeito, né não?
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TR é a taxa real, a taxa de juro que o vendedor já recebe adiantadamente ao fazer a VC.
Calcula-se dividindo o valor do premio pelo cotação da ação:
TR = 1,05 / 50,50 = 2,08%, taxa que o vendedor recebe a titulo de adiantamento de juros.
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ONDE NÃO HÁ CERTEZA MATEMÁTICA TUDO VIRA APOSTA!
Basta saber lidar com juros, para operar opção. E pra isso basta Bic e papel de pão.
até de repente, mermão, ô meu!
5 comentários:
Ha algum outro livro sobre o mercado que voce tenha lido para fazer uma critica literaria isenta. O que achou do livro do Alexander Elder? Teria algum outro que tenha gostado e considere que possa ajudar os pequenos investidores para nos recomendar?
Terei que discordar um pouco dos comentários do mico.
Aqui em Brasília na Expomoney, uns colegas acabaram por ir à palestra e compraram o livro.
Dei um olhada e realmente, vejo que o problema maior é ver pessoas que mau sabem o que é uma ação, já quererem se aventurar nesse mundo de opções (acabam por operar opções como se fossem ações de um real - erro primário).
Mas, pelo pouco que olhei o livro, achei que é bem voltado para a parte operacional, ao contrário das traduções de John Hull, dentre outros, que só trazem conceitos genéricos (que às vezes nem se aplicam ao nosso mercado).
Por outro lado, concordo com o Mico, uma vez que o livro mostra com sensacionalismo operações com opções como se fossem simples e mágicas.
Do pouco que vi, não achei nenhum exemplo que ele colocou que houve algum prejuízo.
Qualquer um menos informado, começa a ler o livro e acha que vai ganhar dinheiro de qualquer forma, com o mercado subindo ou caindo, (apenas fazendo as operações Petrk99 -1000 e Petrk00 +1000).
Sds
Apenas um comentários: comecei a ler o livro "Salve-se quem puder - Uma história da especulação financeira", de Edward Chancellor. Está interessantísimo desde o início - acho que tanto o Junior, como o Mico, como o Seagull deverão gostar (se é que já não leram).
Uma das críticas que aparecem na contra-capa é: "O melhor e mais perspicaz etudo sobre especulação e bolhas na economia que já li. Deveria ser leitura obrigatória para todo investidor.", quem escreve isso é Barton M.Biggs, diretor da Morgan Stanley Asset Management.
O mico tem licença poética... ler o que ele escreve é sempre um deleite, além do que, tem conhecimento de causa e nos ajuda bastante a desmistificar este mercadinho cheio de artimanhas!
Quanto aos livros, valeu Mick pela indicação, vou procurar o título recomendado seguindo a sua aprovação!
Roger, NMHO, tem certos livros que estão em prateleiras erradas... não podemos confundir finanças com marketing pessoal! ;-)
Abs ^v^
Ha algum outro livro sobre o mercado que voce tenha lido para fazer uma critica literaria isenta. O que achou do livro do Alexander Elder? Teria algum outro que tenha gostado e considere que possa ajudar os pequenos investidores para nos recomendar?
Junior, lamento não poder indicar livro algum.
Não que não haja, porque isso não posso afirmar, mas lhe garanto que nenhum deles se atém ou respeita as peculiaridades do nosso cantinho de opções, um autêntico cassino inscrustrado na bovesspa.
O pequeno investidor, se for investidor mesmo interessado em poupar comprando ações, pode e deve procurar leitura voltada para os fundamentos operacionais das empresas, e isso não é tarefa difícil.
Mas se quiser trilhar o caminho do jogo, das apostas super arriscadas no cassino das opções, nenhum livro presta porque todos se esquivaram de falar sobre os perigos desse mercado concentrado e distorcido pela atuação de grandes bancas.
Junior, me desculpe, não consigo abordar o assunto com isenção, diante da omissão dos autores em "esquecer" de alertar os leitores sobre o caráter jogatinoso e manipulado do setor de opções da Bovespa.
Pior do que se omitir é induzir iniciantes, que diz tutelar, a acreditarem que bastam os recursos da matemática para entender, operar e domar esse mercado hostil e de alto risco pelas suas apostas mensais.
O risco é tanto, que nestes dias a própria Bovespa alterou o IM - Intervalo de Margem que sacramenta o nível de risco do mercado (seria assim uma especie de Selic do FED, isso mesmo, Selic do FED não estou confundindo não) aumentando-o em nada mais nem menos de 25%, de 6 para 8%.
É exemplar a observação feita pelo Rogrm2, no seu comentário acima:
"...uma vez que o livro mostra com sensacionalismo operações com opções como se fossem simples e mágicas."
Bem comparando, o livro induz à falsa convicção de que o iniciante pode se submeter ao pó de vício das opções sem correr grandes riscos e sem se submeter à dependência sempre fatal. Se todos sabemos ser isso impossível, impossível o autor não saber, né não?
Até que o livro poderia ser útil, desde que exposto junto aos de auto-ajuda, isso se fosse mais transparente quanto aos objetivos.
Junior, lhe desejo um urgente e vitorioso status de Senior sem os ônus do tempo.
Abração.
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