Aqui nos States as oscilações têm sido grandes. O mercado imobiliário está realmente em depressão, com quedas nos volumes das vendas, tanto de usados como de casas novas, agravadas por quedas no valor das casas.
Como aqui a população normalmente compra casa financiada a 30 anos, um número muito grande de proprietários se encontra hoje com casas que valem menos do que elas ainda estão devendo aos bancos e às financeiras. (Lembro-me de que tínhamos algo semelhante no Brasil, com o pessoal que pegou financiamento no BNH). Aqui, como foi aí no Brasil, o pior é que um número gigantesco de compradores de casa não está tendo condições de pagar as prestações mensais. Uns porque compraram sem nenhuma margem de segurança, acreditando que o valor das casas ia subir e dar-lhes a possibilidade de pagar as prestações. Outros porque financiaram com empréstimos denominados ARM, ADJUSTABLE RATE. Num financiamento desse, tomado faz uns cinco anos, o comprador se comprometia com uma taxa de juros para os primeiros cinco anos, mas o contrato rezava que a partir do quinto ano, a taxa seria ajustada de acordo com uma fórmula determinada. Acabaram os cinco anos e centenas de milhares de compradores estão descobrindo que o aumento da taxa do financiamento é altíssimo e que eles passarão a ter de pagar prestações cinquenta por cento maiores do que antes.
Resultado: Inadimplência e, como aqui não tem conversa mole, a financiadora retoma a casa e a coloca no mercado. Como o que a financiadora recupera não dá para saldar a dívida, o "dono original" típico já sabe que vai ficar sem a casa, sem o que investiu nela e não vai receber nem um centavo de volta.
E como você deve estar sabendo aí no Brasil, também as financiadoras estão passando por sérios apertos, que, inclusive, têm feito o Dow Jones balançar sem controle. As financiadoras não tendo dinheiro nem aceitando clientes de risco não podem fazer negócios. Assim, seus lucros despencaram, o valor de suas ações despencou mais ainda, e o negócio está parecendo com aquela queda de pedrinhas de dominó colocadas em sequência, uma ao lado da outra.
E nós sabemos que, quando os EUA espirram, o resto do mundo pega pneumonia!!!
Mas tudo o que lhe escrevi acima é apenas opinião de quem entende um pouco de economia, e quase nada de bolsa ou de operações com títulos, qualquer que seja a sua natureza.
Um abraço
4 comentários:
Muito Obrigado por compartilhar conosco as suas impressões.
São mesmo muito consistentes e bastante fiéis à realidade!
Um forte abraço tupiniquim... :-)
^v^
Muito bem escrito, mostra a cadência ou decadência de uma Economia que se pauta pela irresponsabilidade.
Manter a economia sob ferros, ainda com um Iraque nas costas, dá nisso.
Mas aqui vai ficar pior e não é com a Economia.
A Economia vai ficar pior, mas depois.
Mas não vai sair no jornal.
Pimon
Se não me engano foi durante a "década perdida" (anos 80) que aconteceu algo semelhante aqui no Brasil, quando tivemos um número muito grande de mutuários que não conseguiram honrar os compromissos assumidos.
Eu só não saberia dizer se esses inadimplentes poderiam ser, de alguma forma ou em alguma medida, acusados de agravarem o medíocre crescimento que tivemos naquela época ou se eles foram apenas consequência daquela situação.
Daria para algum dos blogueiros comentar sobre o tamanho do impacto na economia que uma situação dessa acarretou ou pode vir a acarretar?
Se não houvesse tanto dinheiro para ser fabricado no "Bureau of Engraving and Printing" (a casa da moeda americana) a tentativa de conter uma contaminação mais generalizada seria inócua.
Mas em um dinheiro onde está escrito "In God we Trust" talvez tenham mesmo que apelar para Deus!
Abs ^v^
Postar um comentário