por Incognitus (Think Finance) - Portugal
Todos os dias, milhões de “traders”, em todo o mundo, tentam adivinhar o que irá fazer o DJIA, o S&P, a Bovespa, um simples ativo no meio de dezenas de milhares de papéis, o EUR / USD, ou uma commodity qualquer. Tentam, dia após dia, prever o comportamento essencialmente dos mesmos ativos. E isto vai diretamente contra o debate acadêmico, que coloca de um lado os que dizem que os mercados são aleatórios, e do outro os que dizem que não... ou seja, um debate em que ninguém discute aquilo que todos tomam por garantido: independente do que venha a acontecer, estes eventos são incrivelmente difíceis de prever.
Não existirá uma outra aproximação? Parece que sim! E devemos tentar prever o que é previsível, em vez de escolhermos o que queremos que aconteça. Não se deve tentar prever o rumo de algo assim como desejado.
Devemos antes olhar para a realidade, contemplar, analisar os mais diversos ativos e mercados, até que algo dessa mesma realidade salte aos nossos olhos como previsível. Se repararmos, esta filosofia aparece em muitos investimentos de sucesso. Warren Buffett não tentou prever o comportamento das junk bonds todos os dias, apenas constatou que em 2002 estavam precificados de forma irracional e comprou. O Ming não tentou prever o comportamento do petróleo todos os dias quando decidiu expor-se a este, apenas constatou que existia uma razão (o Peak Oil) que tornava previsível o comportamento do petróleo no longo prazo. Jim Rogers não tenta prever o comportamento de um dado mercado todos os dias, tomou antes contato com N mercados, e destes escolheu os que tinham maiores probabilidades de subir e comprou...
Foi também esta aproximação que permitiu prever coisas como a virada e subida das linhas aéreas (prevista no início de 2005, ocorreu precisamente a partir daí), ou o fim da bolha imobiliária nos EUA (prevista no 1º Trimestre 2005, a queda dos homebuilders começou, e o fim da bolha deu-se no final de 2005), ou a correção dos mercados emergentes em 2006 (prevista no 1º Trimestre 2006, isto deu-se em Maio 2006). Estas coisas foram previstas, não porque estávamos todos os dias tentando prever o que se passaria em cada um desses mercados, mas sim porque esses mercados produziram situações previsíveis.
Assim, pode-se dizer que existe uma alternativa a estar todos os dias tentando prever o rumo de um dado mercado ou ativo, e que essa alternativa, em muitos casos, produzirá situações mais fáceis de prever, com um maior retorno e menor risco para o investidor / especulador.
Um comentário:
Particularmente não gosto desta abordagem que trata do mercado sob a ótica de previsões. Parece coisa de vidente. Prefiro a idéia de projetar determinado evento. E dentro destas possibilidades definir a melhor estratégia.
Mas os gajos têm certa razão ao buscarem perceber apenas o óbvio. Isto parece por vezes tão claro, que diferencia os gênios das pessoas comuns: a capacidade para enxergar o óbvio.
Conseguir antecipar os movimentos e assumir posicionamentos favoráveis (saindo na frente) geralmente benefia os mais audaciosos. O que contraria o axioma que recomenda seguir o mercado - a tendência é amiga.
Entretanto é justamente quando acontecem as grandes viradas que se aufere os maiores lucros.
Enfim, o mercado já é bastante complexo, existem diversas escolas e ferramentas para serem exploradas, mas o importante é desenvolver um método vencedor.
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