A movimentação financeira em períodos de turbulência
Na busca por uma maior proteção para o seu patrimônio, grande parte dos investidores pessoas físicas – ditos clientes de varejo, estão migrando seus recursos para aplicações com menor exposição ao risco, retornando para a renda fixa. O mercado de renda variável sempre foi movido basicamente pelo sentido do fluxo de capital. Enquanto os estrangeiros traziam dinheiro para a Bovespa, a entrada de um expressivo volume de compras causava uma valorização considerável no preço dos ativos devido à grande procura pelas altas rentabilidades oferecidas pelos títulos mais negociados de empresas com bons fundamentos das economias emergentes.
Muitos, ainda pouco familiarizados com os mecanismos de negociação em bolsa de valores, preferiam aplicar neste mercado através de fundos de ações. Apesar de, para isto, pagarem elevadas taxas de administração, esta modalidade ainda vinha sendo bastante atrativa para quem objetivava uma diversificação em seus investimentos. Há muito tempo a bolsa vem apresentando resultados significativamente maiores do que as aplicações referenciadas em CDI (a mais usada como benchmark). Outros fundos chamados “multimercados” também ponderavam suas aplicações em RF, ações e até mesmo em dólar (o contra-peso), e assim ainda permaneceram oferecendo um bom retorno para o capital investido. Dependendo da instituição e do gestor de cada carteira específica, estes fundos também proporcionaram muita alegria aos seus aplicadores ao longo dos últimos anos.
Agora este cenário está mudando novamente. Além da instabilidade na Ásia e das guerras no Oriente Médio, com o risco de um pouso pouco suave da economia americana, apesar da queda na taxa básica de juros por aqui, o investidor entende que haveria mais espaço para cortá-los, o que abala a atratividade dos papéis pós-fixados. E o próprio Tesouro vem se esforçando para alongar o perfil da dívida interna, que já é quase a metade do tamanho do PIB, aumentando a parcela de títulos prefixados.
No mercado de ações, a maior parte do dinheiro investido em fundos têm como destino as carteiras de Petrobras e Vale do Rio Doce. Isto porque os aplicadores entendem melhor o que são essas empresas e optam por concentrar seu capital em investimentos considerados “mais seguros”. Mas nem mesmo a tradição pode ser garantia de lucro. Em mercado de baixa todos os ativos acabam sendo penalizados. A turbulência atingiu os mercados mundiais, principalmente as bolsas, que apresentavam forte alta até o final do ano passado. O Ibovespa, por exemplo, vem perdendo bastante com o fluxo de saída de capital e as realizações diárias.
Pensando na aposentadoria, muitos investidores menos qualificados vêm procurando planos de previdência complementar. A captação da previdência privada segue firme neste momento delicado dos mercados. Mas não é tão difícil assim nos programarmos para gerenciar nossos próprios recursos. Basta haver interesse, e um pouco de tempo para ampliar os conhecimentos. Quem é o maior responsável pelo seu patrimônio? Diversifique a carteira de investimentos e diminua a exposição aos riscos! Se for preciso, procure ajuda com profissionais isentos, que priorizam o retorno de capital, e não aquilo que é mais conveniente - e lucrativo – para as instituições financeiras em geral.
Artigo editado com base em publicação no Monitor Financeiro - maio/2006.Poderia ser mais atual? ;-)
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