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29.4.07

Telecom News

A Pirelli anunciou no sábado a venda de sua participação na Telecom Italia à Telefónica e a um grupo de bancos italianos, que serão os acionistas majoritários da empresa, assegurando desse modo que o controle fique em mãos italianas, como desejava o governo da Itália.

O acordo frustra os interesses da mexicana América Móvil e encerra meses de tensões entre o Executivo italiano e a Pirelli, que deixa a empresa de telecomunicações após perder mais de 3 bilhões de euros em investimentos feitos há seis anos.

A Telefónica, os bancos italianos Mediobanca e Intesa Sanpaolo, a seguradora Generali e uma companhia de investimentos da família Benetton, Sintonia, compraram a Olimpia da Pirelli por 4,1 bilhões de euros.

Será formada uma nova empresa, chamada Telco, que incluirá a participação de 18 por cento da Olimpia na Telecom Italia, além dos quatro por cento da Generali e 1,6 por cento do Mediobanca, totalizando 23,6 por cento da maior empresa de telecomunicações da Itália.

A Telefónica pagará 2,31 bilhões de euros por 42,3 da Telco, o que garante à empresa uma participação indireta de 10 por cento na Telecom Italia, e escolherá dois dos 15 conselheiros de administração de TI.

Os investidores italianos possuirão 57,7 por cento da nova empresa e escolherão o presidente, o que acalmou o governo do primeiro-ministro, Romano Prodi, que afirmou em diversas ocasiões preferir que a Telecom fosse controlada por acionistas nacionais.

A gigante norte-americana da telefonia, AT&T, que chegou a negociar com a Pirelli juntamente com a América Móvil, retirou-se das negociações, apontando a intervenção de Roma.

A Pirelli espera que o acordo seja fechado em outubro. Com ele, a Generali terá 28,1 por cento da Telco, o Mediobanca 10,6 por cento, o Intesa Sanpaolo 10,6 por cento e a família Benetton --que possuía 20 por cento da Olimpia--, 8,4 por cento.

A nova empresa deterá um capital de 5,14 bilhões de euros e espera vender novas ações por 900 milhões de euros, em uma fase posterior, a investidores financeiros italianos. O acordo valorizou as ações da Telecom Italia, vendidas pela Olimpia a 2,82 euros, disseram os bancos.

A Telefónica é quinta maior companhia de telecomunicações do mundo e é a principal empresa do setor nos mercados de língua espanhola e portuguesa. O acordo italiano pode impulsionar suas atividades no Brasil, onde enfrenta a América Móvil.

Fonte: REUTERS

Um comentário:

Seagull disse...

A negociação entre Telefónica e Telecom Italia, anunciada no último sábado, põe em xeque o futuro da maior operadora móvel do Brasil, a Vivo. Hoje, o controle da empresa, que detém 28,4% do mercado brasileiro de celulares, é divido entre a Telefónica e a Portugal Telecom. O ponto de discussão é que, com a compra da companhia italiana, a Telefónica passa a deter também o controle da TIM, segunda maior, com 25,7% do setor. O que configuraria uma elevada concentração do mercado de celulares. Junta-se a isso o fato de a legislação brasileira proibir que um mesmo grupo esteja no comando de duas teles concorrentes. "A grande implicação desse negócio no Brasil é o futuro da Vivo", afirma um ex-executivo da Anatel, que prefere não se identificar. Entre as especulações do que pode ocorrer com a maior operadora de telefonia fixa do país está a possibilidade de a Telefónica vender sua participação para a Portugal Telecom, que hoje detém 50% das ações da empresa, e ficar apenas com a TIM. "Essa é a saída mais natural para o embate", afirmou o executivo. Segundo ele, nesse caso, a companhia portuguesa teria um ambiente amplamente favorável à negociação, já que hoje não teria grandes grupos interessados em dividir o controle da operadora. A empresa com maior potencial seria a européia Vodafone, que há anos ensaia uma entrada no mercado brasileiro. De qualquer forma, afirmam analistas, ela não ia querer entrar em parceria numa empresa de celular.

Outra possibilidade seria a Telefónica comprar a participação da Portugal Telecom na Vivo, ficar com a infra-estrutura e clientes da empresa, devolver a licença à Anatel e transformar tudo em TIM. Foi o que ocorreu com a Claro e BCP em 2003, destacou o ex-diretor da Anatel. Nesse caso, no entanto, o mercado brasileiro de telefonia celular ficaria reduzido a duas operadoras de alcance nacional: a Telefónica e a Claro, que pertence à empresa mexicana Telmex, do empresário Carlos Slim. A Claro é a terceira maior empresa em número de clientes no Brasil, com 24% do mercado.

Na avaliação do ex-presidente da Anatel Renato Guerreiro, uma eventual união de Vivo e TIM seria a pior alternativa para o Brasil. "O ideal seria que o país mantivesse as duas maiores operadoras competindo no mercado sob o controle de acionistas diferentes", afirmou. Mas até uma definição concreta, muita água vai rolar no setor. Segundo um especialista que já trabalhou no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), há alguns contratos ou arranjos que a Telefónica pode fazer para conseguir ficar no Brasil em duas companhias ao mesmo tempo. Isso vale tanto para a telefonia fixa ou celular. Uma das alternativas é a empresa montar uma estrutura em que deixa o controle diário das atividades em uma das duas empresas. Ou seja, a companhia decidiria se abster do lado operacional. O especialista afirma ainda que o embate deve ficar mais emocionante nas próximas semanas com a participação do mexicano Carlos Slim, acionista da Claro, que também tentava comprar uma participação na Telecom Italia. "Ele não vai deixar essa negociação passar ilesa sem uma provocação no Cade".


(Texto de Renée Pereira e Gerusa Marques, para a Agência Estado)