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11.5.07

Saída Honrosa?

Petrobras ‘pagou’ para sair da Bolívia

David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), disse que a venda das duas refinarias da empresa no país por US$ 112 milhões foi uma forma de o governo se livrar de aborrecimentos e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento do gás natural boliviano. "Deste ponto de vista, é um negócio muito bom".

O Brasil receberá, provavelmente em gás, somente um pouco mais do que o valor pago pelos ativos na Bolívia há oito anos (US$ 104 milhões). Com os investimentos de US$ 30 milhões que a empresa fez no país desde 1999, o valor de mercado da empresa estaria próximo de US$ 200 milhões.

Do ponto de vista contábil, portanto, seria um mau negócio. Mas existe um outro lado: "A Petrobras já perdeu o suficiente na Bolívia. É melhor agora garantir o cumprimento do contrato de gás e investir em outras áreas".

Adiar a decisão seria pior para a estatal brasileira, uma vez que desde a nacionalização das exportações de petróleo e derivados, decretada no último domingo, o fluxo de caixa da Petrobras no país ficou bastante comprometido. Quanto mais demorasse para vender, maior seria o prejuízo. ( G1)

Um comentário:

Anônimo disse...

Petrobras na Bolívia: no fim das contas, o saldo é positivo
Estão concluídas as negociações a respeito das duas refinarias da Petrobras que foram nacionalizadas por Evo Morales, na Bolívia. Na última quinta-feira (10), a estatal brasileira aceitou vender as duas unidades por US$ 112 milhões cada – o valor inicial proposto pela Petrobras era de US$ 200 milhões. No domingo (06), Evo Morales havia decretado o monopólio da exportação do petróleo cru e da gasolina branca. As duas refinarias são responsáveis por 99% da produção da gasolina boliviana e os preços no mercado interno foram estabelecidos abaixo dos praticados no mercado internacional – tornando impraticável a atuação da Petrobras no país. A polêmica sobre o direito de explorar o gás natural e o petróleo na Bolívia já se arrasta há cerca de um ano, quando o presidente Morales anunciou a nacionalização do setor. Para alguns especialistas, a postura do Brasil nas negociações não foi firme o suficiente.

O diplomata Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França, é compreensivo em relação ao posicionamento do Brasil frente às decisões do presidente Morales. “Talvez o Brasil tenha esperado um demais [para agir com firmeza]. Às vezes, pela própria cultura do brasileiro, temos um excesso de vontade de acomodar a situação, de dialogar com o interlocutor, mas nem sempre o outro tem a mesma disposição”, avalia. Para ele, é correto um país grande dar demonstrações de paciência, desde que as atitudes não pareçam um sinal de fraqueza. O embaixador projeta que o caso não deve respingar nas relações entre o Brasil e a Bolívia, que são muito antigas e amigáveis. “É importante encapsular esse problema. Ele é grave, a Petrobras tem que ter os seus interesses reconhecidos, mas não devemos transformar esse problema numa coisa que dê o colorido da totalidade da relação com a Bolívia”, argumenta.

Alguns analistas consideram o saldo satisfatório, por não acentuar o cenário de incertezas sobre o abastecimento de gás natural do Brasil. "Para o governo brasileiro, não seria conveniente se indispor com a Bolívia e levar o tema para os tribunais internacionais sem a garantia de que Morales acataria a decisão julgada", avalia Giuseppe Baccocolli, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele acrescenta que o acordo não arranhou as relações institucionais entre os dois países. "Na relação governamental, não houve problemas. A Bolívia precisa vender o gás natural e o Brasil é o comprador desse insumo", afirmou. Diante do tamanho da Petrobras – que faturou R$ 158 bilhões em 2006 –, os ativos mantidos na Bolívia são pequenos. No entanto, são muito significativos para a Bolívia, pois respondem pelo refino de todos os derivados de petróleo que abastecem o mercado local. Por conta disso, Baccocolli acredita que a compra dos ativos irá diminuir a pressão popular e política em torno da agenda de nacionalização do setor de hidrocarbonetos.