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16.9.09

Orçamento e Investimentos

Todos que acompanham este blog (e deveriam ser pagos para isso, rs) sabem que o foco primordial das postagens aqui é tratar de estratégias de investimentos. O mercado vai bem, muito bem por sinal, certamente bem melhor do que a economia do mundo real - que, sem dúvida, apresentou sensível avanço neste semestre.

Contudo, como é notório, economia e política andam de mãos dadas. Agora mais do que nunca, com a participação dos Estados e bancos centrais no esforço para o controle da crise financeira e seus efeitos.

De fato, pouco investimento foi feito no Brasil. A tendência de recuperação no PIB foi promovida por benesses a determinados setores, aliada aos cortes nos juros, que impulsionaram o consumo e endividamento das famílias. Este foi o grande propulsor do crescimento no segundo trimestre/09.

Agora estamos no final do ano que antecede as eleições majoritárias. Se já jogavam para a torcida, agora então, vão ficar de costas para o campo, de olho apenas na arquibancada. O pré-sal foi a bandeira escolhida, e com isso lembraram da necessidade de refazer as forças para defesa nacional. Os EUA estão montando uma base na Colômbia, e com o anúncio da compra de caças e submarinos para proteger nossas reservas de petróleo, até a Venezuela já se acordou com os russos para reforçar seu arsenal de armamentos.

Mas onde está o verdadeiro perigo? Recebi um email impressionante contando experiências de um funcionário público designado para trabalhar no estado de Roraima (posso disponibilizar a leitura para quem tiver interesse). O fato é que a "picanha-azul" - como chamam os churrasqueiros do Planalto a área com jazidas do pré-sal - ainda é uma riqueza submersa, que vai levar tempo para se tornar produtiva. Falam até na reativação das usinas nucleares em Angra. Mas os projetos de combustíveis limpos ficam relegados a planos inferiores.

Enquanto isso, a Amazônia está sendo invadida por estrangeiros. E o que resta de terras fora das reservas indígenas vem sendo tomada por queimadas, roubo de madeiras e devastações para uma agropecuária mal planejada.

Pior do que isso, o nosso maior inimigo real não está no Iraque ou Afeganistão. Nossa guerra diária é aqui, "dentro de casa", a violência urbana, onde morre mais gente do que nas trincheiras de combate. Gastar bilhões com a frota marítima e aeronáutica é muito importante, mas será que está sobrando dinheiro? De que adianta exigir tranferência de tecnologia (???) se não tivermos condições de dar continuidade ao desenvolvimento e pesquisa, não investirmos em formação de profissionais, treinamentos específicos para plena utilização dessas "ferramentas" de última geração. Logo, com o rápido avanço do conhecimento, tudo estará ultrapassado e as novas aquisições se tornarão obsoletas. O próprio avião F-18 Super Hornet, principal objeto da disputa com o Rafale francês - eventual vencedor da concorrência (carta mais que marcada!) - já está com sua linha de montagem sendo substituída pelo F35 Joint Strike Fighter- como bem lembrou o colega MACMAX no nosso Fórum MI.

Mesmo que se desconsidere as premências em termos de saúde e ensino - passaportes indispensáveis para nosso ingresso no mundo desenvolvido - a questão de segurança interna não pode ser negligenciada. O Brasil vai sediar a Copa do Mundo de Futebol, o Rio quer as Olimpíadas, mas será que o cidadão comum vai sobreviver até lá na luta desigual contra esta guerrilha de marginais? Prédios são invadidos, pedestres mortos em assaltos, motoristas têm seus carros alvejados por balas (ou pedras!!!) nas principais vias de circulação da cidade, todos são alvos de sequestros (relâmpagos - e trovões)... quem pode se salvar?

Onde está o dinheiro para reaparelhar a polícia (ou reposicionar o Exército?) nesta luta contra o inimigo oculto e anônimo com que dividimos as ruas, o criminoso bem armado que invarialvelmente fica impune - a exemplo dos bandidos réus-confessos, não sentenciados em outras esferas.

Enfim... e ainda temos que pagar por tudo (ou nada!) disso. Afinal, o orçamento do governo é feito com base na arrecadação. Os impostos dos contribuintes. Então estamos todos, diretamente, patrocinando as decisões "absolutas" do presidente, e contribuindo para a campanha sucessória em 2010. Tenha votado nele ou não...

Isto que parece um mau investimento!

5 comentários:

Carla disse...

Você tem toda razão nos seus comentários. Poucas pessoas questionam de verdade os movimentos dos governos. O que vemos, é a grande massa simplesmente aceitando a propaganda do governo. Somos um povo de muita sorte, afinal temos o pré-sal. Educação, saúde e segurança pública, esses assuntos estão fora de moda. O que importa agora é o pré-sal.

Sea disse...

Infelizmente está sendo assim, Carla.

E mais uma geração sendo perdida com a falta de estudo, esmolas e promessas de um país do futuro.

Ora nunca vai haver "futuro" se não houver instrução no presente.

Com o controle do legislativo, e influência no judiciário (STF) esse governo socio-populista quer fazer desse país um feudo.

Parece que a disputa do Lula é com o Hugo Chavez...

Como disse o Obama: "this is my man, the most popular politician on Earth"

Lamentavel ganhar popularidade assim, comprando votos de ignorantes e miseráveis!

Abs

T disse...

Sou carioca e fiquei REVOLTADO com seu comentario, jamais me jogaram pedras no carro, só balas mesmo =P Pedras eram problema na dec de 70.

Seagull disse...

Não é mole mesmo, T!

Nós, cariocas, temos que andar de armaduras, como em tempos medievais!

Grande abraço ^v^

Anônimo disse...

Caro Seagull:
Pouco comentada é a Força "I". São
os brasileiros com diversos graus de Incapacidade Laborativa, que encontram-se "encostados" no INSS.
A continuar a progressao da taxa de crescimento desse "exército"
é possível que o Pré-sal fique por aí mesmo.
De quem é a culpa? Bem, essa é uma longa história. Como diz uma personagem da televisão: Prefiro não comentar...

Austral