Como os amigos que já me conhecem sabem, não sou exclusivamente dedicado à Análise Fundamentalista (AF). Muito menos aos gráficos da Análise Técnica (AT), dos quais sou apenas um declarado apreciador. O que vou fazer é apenas compartilhar um pouco de minha experiência como profissional de mercado e investidor pessoa física!
Minha primeira escola no mundo das finanças foi uma mesa de Open-Market, onde ingressei como estagiário em uma distribuidora de valores. Talvez antes disso, uma pequena passagem pelo Departamento de Sistemas e Métodos - DESIM - do extinto Banco Bamerindus (que depois foi comprado pelo HSBC) tenha sido minha verdadeira introdução ao mercado.
Como programador, ainda durante meu período de faculdade, eu prestava serviços também ao DETEC - Departamento Técnico - do banco. Lá fazíamos rodar todos os programas que davam suporte aos operadores, gerentes e diretores em suas tomadas de decisão.
Mas quando passei à "linha de frente", atendendo clientes, desenvolvendo estratégias de investimentos, e participando do giro nos títulos da dívida pública, foi que pude aplicar todos os meus conhecimentos matemáticos na busca pelas melhores rentabilidades, comparando o preço negociado no mercado, com o produto final dos papéis pela ocasião dos resgates.
Vieram os mercados futuros (inicialmente de taxas de juros) e minha passagem para a bolsa de valores. Portanto, sempre fui, e ainda me considero, um profissional bastante eclético. Tento aproveitar de cada escola o que ela tem de mais aplicável no meu dia-a-dia. Sou, então, um generalista de fato. Matemática, análise dos números das empresas (e suas perspectivas futuras), a leitura dos gráficos, o noticiário econômico, os desdobramentos políticos, tudo faz parte de meus estudos diários.
Mas assim parece que fica muito difícil ajudar os novos investidores a tomarem uma linha que ofereça uma esperança matemática positiva em seus investimentos. É tudo muito complexo! Concordo, e pretendo simplificar.
De todas as nossas qualidades e potenciais que possuímos, e podem ser ainda mais desenvolvidos, a única coisa que não devemos violentar é a nossa própria natureza. Cada um de nós possui habilidades distintas e maior interesse por determinadas áreas. Vamos partir da premissa que cada indivíduo tem o seu perfil característico. Uns são mais falantes, outros introvertidos, alguns preferem sorrir, assim como existem os mais determinados.
Trazendo isto para o mercado, podemos espelhar a postura dos investidores em dois aspectos básicos: a tolerância ao risco e o timeframe (tempo de retorno desejado). Assim sendo, existem os mais agressivos que aplicam seus recursos assumindo grandes riscos, os conservadores - preferem investimentos seguros, e os moderados. Da mesma forma, uns querem retornos rapidamente e outros preferem deixar seu dinheiro rendendo com objetivos de LP.
Unindo um ao outro, podemos definir que tipo de análise os investidores devem considerar antes de entrarem em uma aplicação. A Análise Fundamental deve ser sempre a base de tudo. Um estudo do histórico da empresa, o patrimônio, distribuição de lucros entre os acionistas, seu posicionamento no mercado, seus concorrentes, fluxo de caixa, dívidas, margens, receitas e, principalmente as suas perspectivas futuras. Ela serve como comparativo entre empresas de um mesmo setor e, genericamente, como fator primordial na tomada de decisão para escolha de onde investir seu dinheiro - sempre lembrando que ao comprar uma ação você estará se tornando sócio desta empresa.
Nunca esquecendo que não se deve colocar todos os ovos em uma mesma cesta, e a diversificação dos investimentos tem como finalidade diluir os riscos e aumentar as chances de obtermos uma maior rentabilidade. O balanceamento entre a RF, RV, moeda estrangeira, imóveis, etc, deve ser feita em função do perfil do investidor. Patrimônio é o que gera renda, dinheiro imobilizado só traz despesas!!!
Então é possível selecionar as boas empresas do mercado. Todos têm uma idéia de quais são os setores mais lucrativos. Petróleo, Mineração, Siderurgia, Consumo, Energia, Celulose, Serviços, Bancos, Telecom, Construção... dentre tantas opções, e dependendo do valor financeiro a ser investido, podemos fazer uma relação das melhores ações:
PETR, VALE, GGBR, USIM, CSNA, AMBV, SDIA, LAME, CPFE, ELET, LIGT, ARCZ, KLBN, BRKM, GOLL, EMBR, BBDC, ITAU, BBAS, WEGE, TLPP, BRTO, NETC, CYRE, GFSA... são inúmeras!
Mas não dá para comprar todas?!?
Embora eu não seja o maior defensor do buy-and-hold, é aí é que entra a filosofia de investimentosno longo prazo. Se considerarmos, por exemplo, uma família com renda mensal de R$ 10 mil, e custos de R$ 8.000, destes 2 mil excedentes, podemos separar mil reais todo mês para comprar um lote de ações. Podendo haver um aporte inicial a tarefa fica ainda mais facilitada. Digamos uma reserva de 20 mil. Para este montante o ideal é que não se compre mais de 3 tipos de ações de empresas diferentes. O ideal é sempre procurar adquirir lotes mínimos "redondos". Ou seja 100 ações por vez. Evitar o mercado fracionário não é mandatório, mas ajuda no controle da carteira e facilita a negociação posteriormente.
Mas se o dinheiro só dá para comprar três ações, quais seriam as mais recomendadas? Qualquer uma delas, preferencialmente as que estejam com o menor PL (relação preço/lucro). Entre uma VALE, PETRO ou GERDAU, qualquer uma constitui boa reserva de valor. Mas e se o mercado cair? É nesta hora que entra a Análise Técnica: no CP ela oferece os parâmetros para as melhores oportunidades de entrada e saída dos trades. Serve também como forma de ganhar com a especulação, apesar de exigir um conhecimento razoável dos gráficos e seus indicadores.
Mas para o investidor de LP, pequenas oscilações momentâneas não devem ser levadas em conta. O importante é manter a disciplina, e sempre aplicar o excedente da renda em ações de empresas sólidas! Ao final do tempo planejado para o investimento, fatalmente, as ações terão valorizado expressivamente mais do que as aplicações em renda fixa. Antes de investir, faça uma simulação. Saiba que investimentos em renda variável estarão sempre sujeitos a perdas. Importante estabelecer um plano de entrada, com limitação de prejuízos e objetivos de rentabilidade.
No mais é só escolher as ações e ir aumentando os lotes na medida da disponibilidade financeira de cada um.
Este artigo não é nenhuma recomendação de investimento pontual, e sim uma orientação na escolha de uma filosofia operacional que ajude a constituir uma reserva de poupança, potencializando os ganhos e reduzindo os riscos nas aplicações em renda variável .
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