Plus500

13.12.07

Sem a CPMF... PLUFT !

E o governo sofre sua maior derrota com a perda da receita proveniente da CPMF. Não perde apenas a saúde (já tungada de boa parte do que seria destinado a ela), a educação, os programas sociais (assistencialistas?). Perde o país todo por não poder prescindir de uma verba neste montante. Será bom para quem? Para o consumidor, sem dúvida é um imposto a menos. A famosa "taxa jabuticaba" (como disse o Vidor) uma vez que, assim como a fruta, este tributo só existia no Brasil!

Penso que para o mercado a queda da CPMF não será boa neste primeito momento. O ING8, novo índice futuro negociado na BM&F para fevereiro, já perde mais de 2%.

O orçamento já estava comprometido e não havia sequer um plano B. Vai parar tudo!!! Mas espero que o país siga em frente, mesmo com a notória incapacidade de seus sortudos governantes, que experimentaram uma época de grande prosperidade e, agora, na virada da curva da maior potencial econômica mundial, praticamente em recessão, o Brasil ainda pode ocupar uma posição de destaque. Eles (nossos governantes) nem precisam fazer muito! Basta que não atrapalhem!!!!

Neste rol de trapalhadas e auto-confiança em excesso da parte do presidente e seu minstro da fazenda, o ponto de lucidez veio no discurso de um petista de carteirinha, mas ao menos um economista que não pode rasgar os livros que derama ele o diploma. Dentre outras coisas disse o senador Aloízio Mercadante, ainda no dia 6 de dezembro, quando a aprovação da continuidade da Contribuição "Provisória", apesar de difícil parecia favas contadas:

"O argumento de que há excesso de arrecadação este ano é verdadeiro. Há excesso de arrecadação. E este é um ano que os indicadores econômicos são muito fortes: o PIB está crescendo 5%; a indústria está crescendo 10,7%, que é uma coisa excepcional. No meu Estado (SP), mais de 11% de crescimento da indústria. Nós temos aí alguns setores: o de venda de automóveis cresceu 30%; 34% o de caminhões; na área de informática, foram 9 milhões de computadores vendidos. Porém, se nós analisarmos o cenário internacional, a evolução do sistema financeiro internacional, veremos que o cenário para o ano que vem não é o cenário que nós iniciamos este ano nem o cenário que nós estamos terminando o ano. O crédito interbancário está praticamente paralisado nos Estados Unidos e na União Européia. Os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos aportaram mais de US$500 bilhões em socorro financeiro aos bancos. O maior banco do mundo, quinze dias atrás, teve que ter um empréstimo de 7,5 bilhões - e acho que não vai ficar nisso - para poder sair das dificuldades financeiras em que se encontra. Por quê? Porque há um prejuízo nos Estados Unidos de US$500 bilhões no mercado subprime e há um prejuízo de US$200 bilhões no mercado da União Européia. E este prejuízo vai aparecer no balanço dos bancos até janeiro do ano que vem. Até lá, nós podemos viver momentos favoráveis, como tem sido esta semana, mas vamos viver um processo de instabilidade e incerteza e restrição à liquidez.

Os países em desenvolvimento não conseguem, hoje, emitir títulos soberanos de médio e longo prazo - nenhum país. E a trajetória de desaceleração da economia americana, de junho para cá, é de 2,8% do PIB para 2,3%. Na União Européia, já está em 2,5% a projeção de crescimento, que era mais de 3%. E, no Japão, a recessão já aponta para uma taxa de crescimento inferior a 1,7%.

Portanto, há uma recessão em andamento. O Prêmio Nobel de Economia acabou de dizer: "Os Estados Unidos já estão em recessão, os indicadores são preocupantes".

Ora, em um cenário internacional como esse em que o dólar vem se desvalorizando, as defesas das reservas cambiais de China, Índia, Rússia e outros países, quando o dólar perde papel de reserva, de valor, vão aprofundar esse processo.

...

Por último, quero dizer que a taxa de juros de longo prazo já não cai mais. A taxa Selic já não se move. E não se move não por pressões de demanda, que existem setorialmente, não porque há uma ou outra tensão inflacionária, mas não se move porque a liquidez internacional demonstra que haverá uma retração de crédito cuja proporção e cuja profundidade o tempo dirá quais são. Talvez, até o final de janeiro, saibamos qual é o estrago dessa crise, mas ela já deixou o impacto estrutural, já incidiu no impacto de retração do nível da atividade, que vai reduzir o preço das commodities. Vai haver impacto no comércio exterior e impacto no nível de atividade. Portanto, vai reduzir-se a receita extraordinária que este Governo pode ter no futuro"

Quem tiver interesse em ler a íntegra do discurso acesse aqui


Ou seja: em defesa do seu partido e da manutenção da CPMF, ele tentou argumentar sobre a necessidade de preservar o recurso. Mas os pontos abordados por ele inicialmente, no contexto interno, apenas confirmam que temos condições de suprir a ausência deste imposto, através do aumento de arrecadação, maior produtividade, e - isso ele esqueceu (?) de dizer - diminuição dos GASTOS PÚBLICOS. Mas tirar dinheiro da máquina que sustenta estes políticos da base governista ninguém quer, não é mesmo Senador?

Agora durmam com este barulho. O povo e a oposição comemoram, mas seremos todos os responsáveis por pagar a conta do dinheiro que vai faltar ao orçamento. Ficou feia a coisa aqui também!

Que Deus continue sendo brasileiro pois, com esta turma, vamos precisar muito da ajuda divina!!! Plano B, C, D ou E... e agora José?

O Senado virou mesmo uma Vila Sésamo... já tem até o Garibaldi(o)!

^v^


3 comentários:

De Marco disse...

Como já diz um grande colega meu: cada povo tem o governo que merece.

Com certeza uma vitória brasileira, mas que não vai durar. É sabido que o orçamento não pode ficar sem essa parcela de arrecadação.

Talvez seria a hora de darmos atenção a iniciativas como as que ocorrem no estado de São Paulo. Redução tributária = maior atividade comercial = aumento nas receitas. Sim, foram longos 4 anos para que o plano inciado por Covas desse resultado, mas como PSDB sempre foi maioria em meu estado, a continuidade de governo no partido era esperado. Governança para o povo, governança para mais de 4 anos.
A última iniciativa é a nota fiscal eletrônica. Quem paga imposto, paga menos! O dinheiro fiscal é estornado na conta de IPVA ao consumidor final.

Que venha a reforma tributária!

Seagull disse...

Zé,
eu não sou de SP, nem mesmo simpatizante do PSDB. De fato eles prepararam toda a base para o atual presidente ter a exposição que obteve com o período de liquidez e prosperidade que o mundo passa (ou passou?). A questão é que grandes melhoras foram percebidas pela população de mais baixa renda, não resta dúvida. O que eu me pergunto é se todo o potencial foi aproveitado ou ficamos aquém do que poderia ter sido desenvolvido neste tempo.

Houve pontos favoráveis, e outros meio nebulosos...

Na verdade eu preferia não entrar nesta seara política.

Mas olhando pelo lado do mercado, esta proposta de privatização dos papéis pertencentes ao Estado (dando continuidade ao que foi feito com algumas empresas nacionais no governo anterior ao do PT) seria bom ou ruim do ponto de vista econômico?

A Vale por exemplo, seria maior, melhor, pior, a mesma coisa ou continuaria sendo mais um "cabide de empregos"? Dificil afirmar!

Mas olha... como dizia um polêmico participante de fóruns, o Serra é agora o pastor destas ovelhas. Entra no site do governo de SP (empresas)
http://www.saopaulo.sp.gov.br/linha/empresas.htm

Veja se tem algo apetitoso que possa vir a ser interessante quando (e se) passar para a iniciativa privada. Uma coisa são as ações, outra é o controle. Pega os números destas empresas em qq site de AF - pode ser a Economatica mesmo. Compara as cotações da empresas que tem ações no mercado com seus preços justos (VP/A)!

Será que este plano vai sair do papel?

Os paulistas e paulistanos talvez tenham melhores condições de responder! ;-)

Abs ^v^

De Marco disse...

Colega,
com certeza política sempre é um assunto desagradável se a conhece ou se não está em seu meio.

As companhias paulistas sofrem ainda por intervenções do governo, vide Nossa Caixa.
Porém vejo este processo como a única forma de enxugar as contas públicas, privatizar significa colocar as empresas para funcionar, elas terão que dar lucro ou irão falir. Abertura de capital ainda representa um grande avanço na transparência de governança da empresa.
Calma não defendo a privatização de tudo, algumas tem de ser do governo, são estratégicas como a Petr.
Mas vejo mais espaço para a iniciativa privada, como por exemplo nosso sistema penitenciário. Aquelas pessoas são mão-de-obra ociosa, na França a iniciativa privada tem acesso a essa mão-de-obra.

Ainda estou em meio acadêmico, mas já faço alguns estudos de caso para empresas. Simplesmente a margem nas contas para corrupção são muito pequenas.
Se há corrupção é porque temos sobra. Se há sobra então temos um excesso de arrecadação.

Privatizar o governo?
Não foi isso que Marx sempre quis dizer ao falar da extinção de uma autoridade estatal.