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24.2.07

IPOs de 2007

O ano começa quente na Bovespa -- e a previsão de novo recorde de oferta de ações abre um leque de oportunidades para o investidor
Por Paula Pavon

No último dia 12, algumas dezenas de investidores e analistas estiveram presentes ao sóbrio edifício que abriga a Bolsa de Valores de São Paulo. Foram assistir ao lançamento inicial de ações -- ou IPO, na sigla em inglês -- da usina de açúcar e álcool São Martinho, quase uma desconhecida do grande público. Os aplausos e gritos que se ouviram após a batida do martelo revelaram o estado de ânimo dos presentes. Quem investiu no IPO ganhou, num único dia, 18% do capital aplicado. Menos de uma semana depois da operação, o ganho já atingia 30%.

A São Martinho foi a sexta empresa a lançar ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desde 1o de janeiro, recorde histórico para esta época do ano. A maioria esmagadora das previsões dá conta de que o ritmo intenso vai se manter, e que mais de 50 empresas podem abrir o capital neste ano -- foram 27 em 2006. Nessa fila estão empresas como o banco Pine e o banco Cruzeiro do Sul, as construtoras Even e JHSF, a concessionária Ecorodovias e o frigorífico JBS-Friboi, entre inúmeras outras. Com tantos IPOs, abre-se ao investidor um leque crescente de oportunidades de negócios nos próximos meses.

Quais são as empresas que prometem ganhos maiores? Para destacar o que há de mais atraente no horizonte, EXAME ouviu 15 especialistas e mapeou as candidatas a arrasa-quarteirão deste ano. Nem todas elas, dizem os analistas, necessariamente vão abrir o capital -- há casos de empresas que desistem de lançar ações no meio do processo. Por ora, um dos grupos que têm atraído mais atenção é o de bancos de médio porte. Além do Pine, constam da lista o Cruzeiro do Sul, o Panamericano e o BicBanco. "Todos eles têm muitas chances de aumentar seu peso no setor financeiro, um dos mais rentáveis da economia brasileira", diz Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Asis, especializada em bancos. Outra promessa é o JBS-Friboi, número 1 em carne bovina no país e recordista em exportações. "O setor de frigoríficos deve se sair bem nos próximos anos, tanto em consumo interno quanto externo", afirma Marco Gomes, superintendente do Banif Private Banking.

Para poder participar de um IPO, o investidor precisa encaminhar um pedido à sua corretora. Antes de efetivamente comprar as novas ações, é fundamental se informar sobre os riscos que rondam a companhia e conhecer seus planos -- em outras palavras, saber o que ela pretende fazer com seu dinheiro. Também é imprescindível examinar a política de governança corporativa para saber se sócios minoritários receberão o mesmo valor por ação que o controlador em caso de venda. Por último, o preço na hora do IPO precisa ser atraente. Mesmo a companhia mais eficiente do setor mais promissor pode se mostrar um negócio ruim se o valor pedido no lançamento for tal que anule a perspectiva de valorização. Parece óbvio, mas é uma regra que muita gente costuma esquecer.

Para as companhias, um IPO é a possibilidade de levantar recursos de forma barata. É também um bom negócio para os investidores? A julgar pelo histórico recente das aberturas de capital feitas no país, a resposta é sim. Na imensa maioria dos casos, as cotações subiram com a abertura, beneficiando quem comprou o papel no lançamento. O sucesso tem sido explicado pelo interesse de investidores estrangeiros -- que chegam a ficar com 70% das ações das empresas que abrem o capital. Com tal reforço na demanda, muitos investidores não têm conseguido comprar todos os papéis que gostariam antes do lançamento. Os que ficam de fora tentam fazer suas aplicações no dia da estréia no pregão, jogando o preço para cima.

Apesar do histórico positivo, investir num IPO não deixa de conter uma dose alta de risco. É difícil fazer uma análise profunda e bem-feita das incertezas e oportunidades, uma vez que todos os consultores do mercado ficam proibidos de emitir opinião a partir do dia em que a empresa registra oficialmente o pedido de lançamento até um mês depois da estréia. Cresce no mercado a percepção de que algumas companhias estão vendendo cotas com preço acima do que seria o adequado e que não entregarão os resultados prometidos. Como quase tudo que envolve o mundo das finanças, o segredo do sucesso é conseguir separar o joio do trigo.

Fonte: EXAME

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