Daniele Camba
Há dois anos, ninguém imaginava que seria possível investir em ações do setor imobiliário. Não havia uma empresa sequer em bolsa. Mas isso é passado. O reaquecimento do mercado de capitais animou construtoras, incorporadoras e administradoras de shoppings a abrir o capital. O resultado foi uma enxurrada de ofertas de ações do setor, que se tornou o maior do mercado em número de companhias. A dúvida é se o crescimento da construção nos próximos anos justifica os indicadores elevados dessas empresas comparados ao de outros setores e a grande valorização das ações.
A fila de lançamentos começou em 2005 com a Cyrela. E o movimento só se intensificou. Hoje são 12 empresas na bolsa. O que se comenta é que outras 11 estão com operações no forno.
A valorização desses papéis é um espelho do interesse dos investidores. A Cyrela é um exemplo. Desde a estréia, em setembro de 2005, suas ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 127,86%, ante 48,68% do Índice Bovespa.
A questão é saber se o cenário de crescimento da construção civil irá se confirmar. Para o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti, quem compra essas ações está investindo não em construtoras que vendem apartamentos de R$ 500 mil e sim em empresas que, com a queda da taxa de juros, irão atender às classes baixas que hoje não têm acesso à casa própria. "Independente do crescimento da economia, a queda dos juros deve propiciar financiamentos com taxas prefixadas, mais baixas e de prazos mais longos, atendendo a uma demanda reprimida gigantesca por habitações de classe baixa."
Ele lembra que esse foi o caso do México, que desenvolveu o financiamento para as classes baixas a partir da queda dos juros. "Se isso ocorrer no Brasil, a alta das ações terá sido pequena para os resultados que as empresas terão", afirma Firetti. Ele estima que, com o aumento dos financiamentos, o volume de vendas das construtoras pode crescer entre 20% e 30% ao ano.
O déficit habitacional é de 7,2 milhões de casas nas classes média e baixa. Portanto, as companhias que mais devem ganhar são aquelas que diversifiquem sua atuação para esse público, diz a analista da corretora Ágora, Cristiane Viana. Dentro desse raciocínio, ela recomenda as ações da Klabin Segall.
Mas nem todos têm essa visão otimista. Para o estrategista da Unibanco Corretora, Carlos Macedo, junto com os bons fundamentos do setor há um pouco de euforia, que faz os investidores acreditarem que todas as ações darão bons ganhos. E não é bem assim. As empresas que se concentram em imóveis de alta renda devem sofrer com o excesso de oferta nos próximos anos. Macedo cita o exemplo da Company e da Camargo Corrêa. Para ele, o desempenho muito diferente desses papéis é um sinal da falta de informação do investidor sobre o setor. "Fico espantado ao ver que, num dia normal, 50% das ações sobem e a outra metade cai sem a menor uniformidade", diz Macedo.
A fila de lançamentos começou em 2005 com a Cyrela. E o movimento só se intensificou. Hoje são 12 empresas na bolsa. O que se comenta é que outras 11 estão com operações no forno.
A valorização desses papéis é um espelho do interesse dos investidores. A Cyrela é um exemplo. Desde a estréia, em setembro de 2005, suas ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 127,86%, ante 48,68% do Índice Bovespa.
A questão é saber se o cenário de crescimento da construção civil irá se confirmar. Para o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti, quem compra essas ações está investindo não em construtoras que vendem apartamentos de R$ 500 mil e sim em empresas que, com a queda da taxa de juros, irão atender às classes baixas que hoje não têm acesso à casa própria. "Independente do crescimento da economia, a queda dos juros deve propiciar financiamentos com taxas prefixadas, mais baixas e de prazos mais longos, atendendo a uma demanda reprimida gigantesca por habitações de classe baixa."
Ele lembra que esse foi o caso do México, que desenvolveu o financiamento para as classes baixas a partir da queda dos juros. "Se isso ocorrer no Brasil, a alta das ações terá sido pequena para os resultados que as empresas terão", afirma Firetti. Ele estima que, com o aumento dos financiamentos, o volume de vendas das construtoras pode crescer entre 20% e 30% ao ano.
O déficit habitacional é de 7,2 milhões de casas nas classes média e baixa. Portanto, as companhias que mais devem ganhar são aquelas que diversifiquem sua atuação para esse público, diz a analista da corretora Ágora, Cristiane Viana. Dentro desse raciocínio, ela recomenda as ações da Klabin Segall.
Mas nem todos têm essa visão otimista. Para o estrategista da Unibanco Corretora, Carlos Macedo, junto com os bons fundamentos do setor há um pouco de euforia, que faz os investidores acreditarem que todas as ações darão bons ganhos. E não é bem assim. As empresas que se concentram em imóveis de alta renda devem sofrer com o excesso de oferta nos próximos anos. Macedo cita o exemplo da Company e da Camargo Corrêa. Para ele, o desempenho muito diferente desses papéis é um sinal da falta de informação do investidor sobre o setor. "Fico espantado ao ver que, num dia normal, 50% das ações sobem e a outra metade cai sem a menor uniformidade", diz Macedo.
Outro sinal de euforia são papéis de companhias que se beneficiam indiretamente do crescimento da construção pegando carona nessa alta. Desde dezembro, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Duratex, por exemplo, já subiram 41,85% ante 9,34% do Ibovespa. O banco Santander divulgou relatório recomendando a venda das ações. O analista Marcello Milman lembra que a empresa não é uma construtora, além do mais está com o seu nível de produção no limite. "A Duratex cresce menos que o setor imobiliário, que por sua vez cresce menos do que suas líderes", diz Milman, que prefere as ações da Cyrela. Outro ponto a se pensar é se, no longo prazo, haverá espaço para tantas ações de construtoras em bolsa. Deve haver uma depuração, afirma Milman.
Fonte: Valor Online
Um comentário:
Vale observar que, apesar do pouco histórico em bolsa, o PL das empresas de construção estão muito altos: Gafisa 74, Rossi 44, Cyrela 39, Company 20!
É importante analisar estes números ( e também os demais fundamentos), para fazer um comparativo do tempo de retorno para o capital investido, antes de optar aleatoriamente por qualquer uma delas.
Enquanto nos EUA a bolha está inchada e com possibilidades de estourar, aqui, com a queda nos juros para novas construções e financiamento habitacional, ainda pode haver um maior atrativo neste segmento.
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