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29.5.08

Agora só falta a Moody's

Hoje o Brasil foi classificado como grau de investimento pela agência Fitch. Era tudo que o investidor esperava. Mas, após um rápido rally que esticou o Ibovespa quase até os 74 mil pontos, a bolsa caiu...

Para a Moodys a questão fiscal, entre outras coisinhas mais, será determinante para atribuir o upgrade na classificação do Brasil:

Ela divulgou comunicado reafirmando que a tendência dos gastos primários do governo brasileiro, sua evolução nos próximos anos e a relativa estabilidade dos indicadores da dívida pública vis-à-vis seus pares têm sido e continuarão como os principais determinantes para a avaliação de crédito do Brasil. "A Moody's tem repetidamente enfatizado a importância dos fatores fiscais como principal determinante para o rating do Brasil", diz a nota assinada pelo vice-presidente da Moody's, Mauro Leos.

Depois que a Fitch Ratings elevou na tarde desta quinta-feira (29) a nota brasileira para grau de investimento, a Moody's é a única das três mais importantes agências do mundo a classificar o país abaixo desse nível. No dia 30 de abril, a Standard & Poor's foi a primeira das três grandes a elevar o Brasil a grau de investimento.

De acordo com a Moody's, os fatores adicionais que irão influenciar a perspectiva de crédito no médio prazo incluem melhorias contínuas no perfil da dívida doméstica que refletirão no alongamento da maturidade e redução dos riscos de rolagem. Como os desafios fiscais são amplamente decorrentes do crescimento real dos gastos primários, reformas que contribuem para mitigar a tendência ascendente e o componente não discricionário dos gastos do governo (Previdência, por exemplo) são considerados necessários para reduzir as pressões de médio termo nas contas fiscais, acrescenta.

"A perspectiva para o rating soberano do Brasil depende do fortalecimento das contas do governo e do perfil da dívida, que diminuiriam consideravelmente as vulnerabilidades de um modo geral, assim como assegurariam uma convergência sustentada em direção a indicadores de crédito mais alinhados com a classificação grau de investimento".


O ex-Ministro Mailson da Nobrega diz que, depois da Fitch, só más idéias podem travar o Brasil. E esta é a especialidade do atual responsável pela Fazenda.

Um mês após a Standard & Poor´s conceder o “grau de investimento” para o Brasil, a Fitch Ratings elevou o país à mesma nota na tarde de hoje. Agora, só falta a Moody´s, a outra agência que forma o triunvirato da classificação de risco no mercado mundial. “Isso atesta a evolução institucional e confirma o bom momento da economia brasileira”, destaca o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Para Maílson, as boas notícias têm relação direta com a independência do Banco Central, da qual o presidente Lula tem sido o grande fiador. “Apesar de ter duas cabeças na gestão econômica – referindo-se ao Ministério da Fazenda e ao Banco Central -, Lula consegue manter a autonomia do Banco Central”.

Em meio a tantas notícias positivas, ainda há risco de o Brasil perder o rumo? “Só se tivéssemos um retrocesso na política econômica ou um atentado fiscal que pusesse em dúvida a seriedade da gestão brasileira”, analisa Maílson. “A criação do Fundo Soberano poderia ser esse passo. Até mesmo as pedras sabem que é uma idéia sem sentido”, adverte. A afirmação é um ataque direto ao atual detentor da cadeira da Fazenda, Guido Mantega, que sugere a formação de um fundo de riquezas excedentes do Brasil para serem aplicadas no exterior.

Mágica – Paulo Rabelo de Castro, presidente da RC Consultores, é mais cético e critica as notas da Standard & Poor´s e da Fitch: “O Brasil não tem uma política de investment grade”. Para ele, o país vive um momento “interessante”, cuja “mágica” – parafraseando o presidente da República – está calcada apenas na alta mundial do preço das commodities. “Um país que insiste em uma contribuição da saúde não tem organização que faça jus a uma nota de investimento das agências de risco internacional”, critica ele, cuja consultoria também trabalha com ratings. A empresa capitaneada por Rabelo foi uma das primeiras a elevar a nota do Brasil a apenas um grau abaixo do investment grade – mas ainda não revisou conceito.

O que eles pensam:


Maílson da Nóbrega

Riscos - “Além do Fundo Soberano, se o Congresso passasse alguma resolução, como a sugerida pelo senador Paulo Paim, de reajustar as pensões e aposentadorias, o Brasil perderia o grau de investimento na mesma hora”.

Sobre Mantega - “Há ações discutíveis na Fazenda. Nosso ministro é uma usina de más idéias – produz uma por semana”.


Paulo Rabelo de Castro

Grau de investimento – "O investment grade não é irreversível. Até mesmo o Uruguai já teve grau de investimento. E perdeu”.

Tributos - “Nenhum país com grau de investimento cogita a criação de uma contribuição com a Contribuição Social para a Saúde (CSS)”.


Editado sobre as matérias de Paula Laier, Célia Froufe, Luciana Xaviere Fenanda Arechavaleta para a Newsletter Amanhã.


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