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20.12.06

CSAN3

Cosan já se prepara para lançar ações nos Estados Unidos

Valor Online

SÃO PAULO - A Cosan, maior empresa de açúcar e álcool do país, já está desenvolvendo ações concretas para abrir o capital nos Estados Unidos. Há um mês começaram os ajustes necessários para atender as regras da lei americana Sarbanes-Oxley, criada para dar maior transparência às companhias abertas.

A expectativa é de que os papéis da segunda maior produtora de açúcar do mundo comecem a ser negociados no mercado americano ainda em 2007. A Cosan foi a primeira empresa sucroalcooleira a abrir o capital no Brasil e a ter ações negociadas na Bovespa - desde novembro de 2005, quando isso aconteceu, as ações registraram valorização de 140%.

O lançamento de American Depositary Receipts (ADRs) nos EUA já estava nos planos do grupo desde que a Cosan decidiu abrir seu capital na Bovespa.

Outro passo para a consolidação do grupo no exterior foi dado na semana passada. A empresa chinesa Kuok, que tinha participação de 4,1% no grupo, aumentou sua fatia para 6,6%. De acordo com Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo, a maior participação acionária da Kuok dá maior mobilidade para a companhia sucroalcooleira fechar parcerias em açúcar e álcool na Ásia - considerado mercado em franca expansão.

Em seu plano estratégico para os próximos cinco anos, o Grupo Cosan vislumbra fechar parcerias com empresas estrangeiras para atuar no mercado internacional com mais agressividade. Entre os planos estão a realização de contratos de longo prazo, para venda de açúcar, com refinarias instaladas em regiões importadoras como a Rússia e países do Oriente Médio, afirma Paulo Diniz, vice-presidente financeiro e de relações com o o mercado do grupo.

No Caribe, a companhia poderá fazer parcerias para exportar álcool para indústrias locais. O produto seria reindustrializado e enviado para os EUA com isenção de tarifas, uma vez que os países caribenhos são beneficiados pelo CBI (Caribbean Basin Initiative). O grupo também não descarta fechar parcerias no futuro com destilarias nos EUA para avançar no mercado americano.

Segundo Mizutani, o apetite da Cosan por aquisições continua e está concentrado no mercado brasileiro. O grupo está em negociação com cinco usinas, mas o martelo ainda não foi batido, uma vez que o mercado de usinas está " inflacionado " .

Os recursos para bancar essas futuras aquisições do grupo deverão vir de novas captações. No mercado, há notícias de que o grupo estaria se preparando novamente para emitir bônus perpétuos (títulos sem vencimento final). Neste ano, o grupo captou cerca de US$ 450 milhões no mercado com esses títulos.

Para 2007, a Cosan planeja investir US$ 340 milhões, segundo Diniz. Boa parte desses recursos será aplicada em co-geração de energia, segmento em que a companhia tem feito suas apostas. Das 17 usinas do grupo, todas auto-suficientes em energia, apenas uma unidade negocia excedente no mercado livre. Outras três usinas do grupo foram qualificadas para comercialização de energia no país. Mizutani lembra, contudo, que os atuais preços da energia no mercado ainda não são remuneradores.

Ainda dentro do plano de expansão em co-geração, o grupo investe na ampliação da capacidade de moagem da usina Gasa, de Andradina (SP), para que empresa passe a co-gerar energia.

Maior processadora de cana do país, o grupo deve encerrar esta safra, a 2006/07, com 36,6 milhões de toneladas de matéria-prima moída, 28,8% maior que em 2005/06. A capacidade instalada das usinas do grupo é de 40 milhões de toneladas de cana. A produção de açúcar deverá ficar em 3,3 milhões de toneladas, aumento de 39,3%, e 1,2 bilhão de litros de álcool, alta de 29,5%.

Em seu balanço, o grupo divulgou que encerrou o segundo trimestre com receita líquida de R$ 1,008 bilhão, o dobro de de igual período um ano antes . Nos primeiros seis meses do seu ano fiscal (de maio a abril), o grupo registrou receita líquida de R$ 1,952 bilhão, alta de 81,9%. A Cosan reverteu o prejuízo de R$ 16,3 milhões do segundo trimestre da safra passada e lucrou R$ 123,8 milhões no atual. Nos semestre, o lucro líquido da Cosan ficou em R$ 129,1 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 22,5 milhões do mesmo período um ano antes. O endividamento do grupo, de R$ 1,649 bilhão, não é considerado comprometedor, segundo Diniz. Cerca de 60% da dívida está representada por títulos perpétuos e o restante no Pesa, com pagamento a longo prazo.


18/12/2006
Álcool deve ficar mais caro em janeiro


Os donos de carros a álcool podem ir se preparando para pagar mais pelo combustível a partir de janeiro, quando começa a entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima do açúcar e do álcool. A alta dos preços do álcool hidratado vendido nos postos não será de até 30% como no primeiro trimestre de 2006, mas pode chegar a 10% na bomba, de janeiro a abril, em relação aos valores que estão sendo pagos agora.

A previsão é do coordenador de Índices de Preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "Toda entressafra tem aumento dos preços do álcool, que puxam também os da gasolina. Na entressafra passada, porém, a alta foi excepcional", comenta.


O primeiro sinal de que os preços dos derivados da cana-de-açúcar começaram a se recuperar foi dado pelo Índice Geral de Preços (IGP-10) de dezembro. O álcool hidratado avançou 0,7% no atacado, depois de uma queda de 2,26% no mês anterior, o dobro da variação do IGP-10, de 0,47%. Já os preços do álcool anidro caíram 1,23%. Entretanto, depois da escassez de álcool no início deste ano, a entressafra que vai de janeiro a abril de 2007 promete ser melhor.

Na safra de cana-de-açúcar que está sendo encerrada este mês, só na região Centro-Sul - responde por cerca de 60% da produção do país - já foram moídas 365,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 10,19% a mais do que na safra anterior, informa a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). O estoque de álcool também está pelo menos 500 milhões de litros acima do que existia no início de 2006.

"O produtor exagerou na dose, na entressafra de 2006. Aumentou o preço demais e perdeu no volume vendido. Quando o preço começou a não compensar, o consumidor parou de comprar", relata o diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) Dietmar Schupp.

As vendas de carro flex, que atingiram 81,4% do total em novembro, continuam dando sustentação aos preços do álcool. As exportações do produto também devem atingir 3,3 bilhões de litros em 2007, quase um bilhão de litros a mais do que em 2007, projeta Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica.

Economista do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio de Janeiro, Rodrigo Mello acredita que o mercado está mais equilibrado. O mercado futuro de álcool anidro (misturado à gasolina), parâmetro também para o hidratado (vendido nos postos), indica aumentos para o consumidor de até 8,55% em março. Por isso, na opinião de Mello, o início de 2007 não será marcado pelo mesmo "Deus-nos-acuda" de 2006.

Os derivados da cana vão subir mais do que os índices gerais, mas o coordenador Quadros, da FGV, não teme pressão sobre a inflação de 2007. "Um índice de inflação baixo comporta alguns aumentos sazonais elevados. Além disso, o álcool vai subir menos que em 2006", calcula. Outros fatores estão contribuindo para diminuir a pressão de alta do álcool na entressafra. As exportações do produto estão crescendo, mas menos do que o esperado. O açúcar também não está subindo tanto no mercado internacional. Quando isso acontece, os usineiros priorizam a fabricação deste produto em detrimento do álcool, mas não é o caso este ano, diz o diretor das usinas Santa Cruz e Campos dos Goytacazes, Aristóteles Cardoso.

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