Plus500

23.12.06

POP, um sonho bursátil infantil da Bovespa varonil

Bom Natal, gentem, bom tudo pra todos!!!

Nesta semana correu solta nas raias do mercado dito soberano a noticia ou boato - na nossa bolsa nunca se sabe ou se pode distinguir quando é um ou outro - que a Bovespa sonha em lançar um tal de plano POP destinado a limitar riscos num mercado de baixa. Tudo é possível..., diria Machado.

O POP, Proteção do Investimento com Participação, tem a pretensão, louvável, mas inviável, de incentivar o uso de opções de compra e, num arrojo ou arroubo impensáveis e sonhadores (arroubo é melhor, fica mais compatível com as características do pano verde do derivativo), também opções de venda.

Sim!!! micaiada, pasmem, opções de venda, vocês não leram errado não e nem estão com uma venda nos olhos não! Eles estão achando que podem dar liquidez a um treco que existe formalmente há anos, mas que nunca funcionou, fazem lembrar as milhares de leis moralizadoras no nosso arcabouço (pombas! nada como o Natal pra gente abrir o baú das preciosidades) jurídico que acabam caducando por não serem praticadas, respeitadas, impostas, e muitas vezes sequer notadas, seja por quem as deve cumprir ou por quem as deveria fazer cumprir. Nem um nem outro merecem cumprimentos...

Será que esses porta-vozes da Bovespa nunca apostaram no cassinão não?

Se não compete à Bovespa interceder, interferir, sugerir ou indicar operações, visto cumprir apenas papel de entidade reguladora, às vezes, do mercado, como, de que forma poderá incentivar a liquidez de opções que sequer são ou foram negociadas?

Será que não sabem que o nosso cassinão de opções funciona sempre e unicamente com base em um único vencimento, que 95% dos negócios são sempre concentrados no "atual" vencimento? Confiram isso consultando a pífia quantidade de contratos em aberto na série B.

Será que esqueceram que foi a própria Bovespa que provocou essa concentração mensal, ao decidir "aprovar excepcionalmente" num mês de setembro - que me parece ter sido de 2003, ou por aí - a negociação de séries nos meses impares, excepcionalidade que, a exemplo da CPMF, já virou definitiva? Será que não têm sensibilidade para notar e aceitar que não interessa às grandes bancas promotoras, mentoras e motoras desse mercado de apostas mensais a "desconcentração" do alvo cassinal, de modo a promover a liquidez de opções das outras ações de maior liquidez do mercado, como dizem ser objetivo do POP?

Como diria o saudoso e inesquecível Garrincha, será que a Bovespa já combinou isso com os adversários, com as bancas inimigas?

Tomara que tenham êxito e não hesitem em tornar realidade sonho tão lindo trazido pelo Papai Noel POP.

Quem sabe descobriram a fórmula mágica de impor liquidez a derivativo inativo, como soe acontecer às opções de venda. Mas que nos poupem de sonhos irrealizáveis...bastam os nossos.

Ou será que adotarão os procedimentos muito usados nos lançamentos de novas ações, as impostoras ipos, que lançam mão de mecanismos artificais de formação e sustentação de preços.

Por enquanto, os derivativos aqui só conseguiram criar junto aos calouros, iniciantes e sardinhas em geral, clima de jogo e de ilusão que ensejam a venda de modelos matemáticos e matemágicos que enganosamente prometem lucros fáceis e rápidos, como se lhes fosse possível lançar mão da cornucópia dos sonhos dourados.

Como no Natal tudo é permitido, permitamos, de plano, também aos idealizadores do POP a oportunidade de melhorar o astral de todos e torçamos para que consigam pleno êxito em projeto eivado de tão boas intenções.

Por oportuno, sugiro à Bovespa que dê de presente um modelinho B&S a todos os "investidores" constantes de seu cadastro de opções...isso, é claro, se não tiver opção melhor.


Até de repente, ou até um pop-de-pé-no-chão.

Um comentário:

mico disse...

A operação POP não tem segredo nenhum, nem novidade alguma.

Não acrescenta nada de especial ou útil ao cassinão111%. Somente se conseguir o milagre de criar condições de liquidez às opções de venda das ações mais líquidas é que trará algo de novo.

Consiste, segundo consta das noticias sobre o assunto, na compra de uma ação e concomitante venda de uma opção de compra e compra de uma opção de venda.

No exemplo noticiado seria como comprar uma ação por 50, vender a mesma quantidade de uma opção de compra de strike 52 por 1,oo real e comprar também por 1 reau uma opção de venda de strike 48.

Um autêntico nó-cego que pode perfeitamente ser substituído com vantagem pela operação "não compre nada nem venda nada", assim pelo menos você sai ganhando na certa porque economiza as corretagens.

Modelão bom pra caraca pras corretoras, pra CBLC e pra Bovespa, claro.

Pelo menos esse tal de POP tem um aspecto positivo, que é o de não incentivar nem induzir os calouros e sardinhas a operaram alavancados.

Porque pior do que operar opção só mesmo operar opção ALAVANCADA.

Comprar opção alavancada dilapida o patrimônio até zerá-lo. Vender alavancado, seja travado ou não, faz perder o que tem e o que não tem.

Tem algo pior?