Por Daniele Camba
Quem não gostaria de investir em ações com a possibilidade de se proteger das quedas exageradas que a bolsa pode ter? Isso vai passar a ser possível a partir de fevereiro do ano que vem, quando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) lançará o Programa de Investimento com Participação - batizado de POP.
Por ele, qualquer investidor poderá comprar uma ação no mercado e garantir a proteção do seu capital, no caso de recuo do mercado acionário. Em troca desse benefício, se as ações subirem, ele abrirá mão de parte do ganho - percentual já estipulado entre 10% e 20%.
Essa aplicação será possível porque o POP é uma combinação de ativos, com ações no mercado à vista e dois tipos de opções no mercado futuro (uma de venda e outra de compra). A primeira garante a proteção no caso de queda e a segunda faz repartir os ganhos no caso de alta do mercado. Nesse pacote, o investidor primeiro terá comprado uma ação que acredita que irá se valorizar. Em seguida, comprará uma opção de venda dessa ação, que nada mais é do que o direito de vender esse papel para alguém por um determinado valor. É essa opção que lhe vai garantir determinada receita previamente estipulada, no caso de baixa do mercado.
Digamos que o investidor compre um POP que inclui uma ação que está valendo R$ 50, uma opção de venda a R$ 45 e outra de compra, pelo mesmo valor de R$ 45. Se, no momento do vencimento do POP, o papel estiver valendo R$ 30, por exemplo, o investidor terá o direito de vender todas as ações com quem combinou por R$ 45. "A opção de venda é a parte do POP que vai proteger o investidor dentro de um mercado de baixa", diz o diretor de controle da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), Francisco Carlos Gomes.
O terceiro instrumento do POP - a opção de compra -, prevê que o investidor entregue para alguém parte do seu rendimento se a ação subir. Será possível comprar um POP para ficar com 80% do ganho em caso de alta, porque, nesse caso, o ganho de capital sobre os outros 20% será consumido pela opção de compra.
Seguindo o exemplo anterior - de uma ação a R$ 50 e as opções de venda e de compra a R$ 45 -, se a ação subir para R$ 70, o investidor terá esse rendimento sobre 80% do seu capital. No entanto, sobre os 20% restantes recebe o valor do capital protegido (R$ 45) e abre mão da valorização, ou seja, a diferença entre R$ 45 e R$ 70. Se a ação cair, no entanto, a sua opção de vender as ações por um preço previamente definido vale sobre todo o valor aplicado, ou seja, a perda tem limite. "Isso significa que, se a bolsa subir, o investidor abriu mão de uma parte do ganho, para ter a proteção de não perder muito, no caso do mercado cair", explica o gerente de controle de riscos da CBLC, Wagner Anacleto.
Ele explica no mesmo exemplo, a diferença entre apenas comprar a ação na bolsa ou adquirir um POP, tanto num mercado de alta quanto de queda. Se o investidor compra um lote mínimo de 100 ações da Petrobras por R$ 50, ou seja R$ 5 mil, e o papel sobe para R$ 70, ele terá, no final, R$ 7 mil. Se comprar um POP de Petrobras por R$ 50 - com participação nos ganhos de 80% e o valor do capital protegido a R$ 45 - e a ação subir o mesmo tanto, por 80% do patrimônio investido, ele terá R$ 5.600. Já pelos outros 20% do valor ganho, terá R$ 900. No total, ele terá R$ 6.500. "Ele abriu mão de R$ 500 de ganho para limitar sua perda se o mercado caísse", diz Anacleto. Suponha-se, porém um mercado de baixa em que esta ação da Petrobras caia de R$ 50 para R$ 30. Se o investidor comprou os mesmos R$ 5 mil em ações, terá R$ 3 mil, ou seja, um prejuízo de R$ 2 mil. Porém, se investir no POP nas mesmas condições do exemplo anterior, ou seja, com a proteção a R$ 45, poderá vender 100% do valor investido a R$ 45, limitando a sua perda em R$ 500. No resultado total, portanto, ele terá R$ 4,5 mil, ou seja, R$ 1,5 mil a mais do que aquele que comprou só as ações.
O POP tem a proteção das perdas, mas também a divisão dos ganhos para baratear o custo dessa proteção, explica Gomes. Inicialmente, a bolsa lançará o POP para as dez ações mais líquidas do pregão, entre elas Petrobras, Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú e Telemar. Os prazos para que as opções de compra e venda sejam cumpridas serão semestrais ou anuais. "Depois de um tempo, haverá Pop com vencimentos em todos os meses, já que a cada vencimento abriremos outras séries", explica Gomes. "Resolvemos criar esse produto principalmente para pessoas físicas que gostariam de começar a investir em bolsa, mas têm aversão ao risco e medo de perderem tudo que aplicaram", diz o superintendente de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira. O POP é similar aos fundos de capital protegido, criados por gestores, mas que costumam ter valores de aplicação mínima muito altos para o padrão de pequenos investidores.
Fonte: Valor Online
2 comentários:
Parece que o iggy estava adivinhando as novas tendências da bolsa para 2007 e escolheu seu novo nick com muita propriedade!
Mas toda proposta e novos produtos lançados dependem da aceitação do mercado para ganharem liquidez. Pode ser um caminho para as opções de venda (PUTS) passarem a ter negócios. Vamos esperar para ver.. em tese a idéia parece boa!
^v^
Putz!
Seria bom se as puts ganhassem liquidez...
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