Outro dia peguei um taxi e, como o engarrafamento era grande, o motorista desatou a falar sobre o movimento de fim de ano, as compras de Natal, etc. Papo típico de taxista. De repente, entre um caso e outro, ele solta:
- Acontece que esse ano o pessoal não está tão confiante quanto no ano passado... As pessoas até têm dinheiro, mas não querem gastar, estão com medo do que pode acontecer. – ele continuou por uns cinco minutos, falando dos salários, do preço do aluguel e como isso estava fazendo as compras diminuírem.
Nem sei se ele realmente estava correto, mas me chamou a atenção o fato de um taxista, que, segundo ele mesmo, nem chegou a terminar os estudos, conseguir fazer uma análise tão elaborada da Confiança do Consumidor. Conheço pessoas que operam no dia a dia do mercado financeiro, aguardam o resultado do Consumers Confidence americano para abrir ou fechar uma posição, mas não sabem bem o que isso sigifica...
Em 2002, um grande amigo, que trabalha com jornalismo musical, cantou a ficha:
- A Apple está lançando um tocador de mp3 que vai revolucionar a maneira das pessoas ouvirem música. Daqui um tempo, todo mundo vai ter um...
Achei um certo exagero, mas me lembro de ter pensado que se morasse nos EUA talvez até valesse a pena comprar umas ações.
De lá pra cá, o iPod se tornou um ícone. Minha sogra tem um... Os papéis da Apple? Vieram de 7 para 90...
Onde eu quero chegar com esse blablabla? Bom, às vezes as pessoas se esquecem que a bolsa não é um jogo. Não é como o Banco Imoliário, que jogávamos quando crianças, onde bastava abrir o tabuleiro e começar a fazer dinheiro em um universo paralelo.
O mercado financeiro é baseado na economia REAL, não se pode perder isso de vista. Vejo pessoas comprando papéis de empresas sem ao menos saber seu ramo de atuação...
Flanando pelos fóruns, tenho a impressão de que aquele paradigma de que “as notícias não valem nada, já estão precificadas” serve muitas vezes como desculpa para a preguiça de se tentar fazer uma análise mais profunda.
Não estou pedindo que ninguém passe a se debruçar sobre EBITDAs, patrimônios líquidos e balanços contábeis. Simplesmente acho que seria interessante usar para alguma coisa o estudo que tivemos a mais que o taxista...
Meu nome é Marcelo, sou jornalista, cruzeirense, alguns me conhecem como stardust, outros como iggy, agora passarei a assinar como Pop.
Estou atrasado, mas espero contribuir mais.
3 comentários:
Não está atrasado não!
Chegou em tempo de somar com sua participação sempre oportuna!
Na verdade, a nossa "brincadeira" está só recomeçando e tê-lo conosco é um imenso prazer.
Forte abraço! pOp roooooooooock!:-)
PS: dos nicks, só faltou o "Lou" (Take a walk on the wild side) para completar a tríade do rock: Iggy, Bowie, Reed! ;-)
^v^
Quanto ao texto... sensacional!
E muito pertinente. Não bastassem os "Cassetas"(Fucker & Sucker) sempre recorrerem aos "taxistas" para obterem suas informações "privilegiadas"... somos nós, que dotados de um maior senso de análise do mercado, eventualmente acabamos seduzidos pelo inconsciente coletivo comum.
Leia um texto mais abaixo escrito por um colega de Portugal, em que ele comenta o óbvio: a capacidade para prever o que era previsível.
E assim caminha a humanidade... tentando descobrir o impossível, enquanto as indicações mais claras passas despercebidas.
Você está mais do que certo: olho nos fundamentos!!! Porque no final das contas, é isto que diferencia uma aventura especulativa de um trade técnico!
Abs ^v^
Marcelo pop,
Muito bem lembrado.
Nos tópicos que você levantou estão algumas das bases do sucesso nas operações bursáteis.
Saber efetivamente garimpar o que importa e como procurar.
Localizar oportunidades que ainda não estão maduras.
Pelas observações e leveza do texto eu apostaria em seus predicados como jornalista
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