Uma Breve Introdução - por SardinhaViva No Brasil o mercado acionário ainda é visto como um cassino, onde jogamos fichas e esperamos pelo resultado, quase sempre desfavorável a nós. Assim, muitas pessoas ignoram uma excelente possibilidade de fazer seu dinheiro crescer.
Partindo desse ponto, apresento aqui uma forma racional de se investir em ações: A análise fundamentalista.
Quando compramos uma ação de uma empresa, estamos comprando um pedaço do seu capital. Dessa forma, temos direitos a receber: seus lucros, ou em forma de dividendos ou juros sobre capital próprio. Participar também do seu crescimento futuro.
Um investimento racional pressupõe que o preço a ser pago por uma ação deve ser, no mínimo, um valor justo. Nos momentos de euforia do mercado os preços das ações passam a ser negociados por valores muito maiores do que realmente valem, enquanto nos momentos de nervosismo os preços são jogados para baixo. Podemos assim vender enquanto todos estão comprando e comprar enquanto todos estão vendendo.
Para a maioria das pessoas, que não podem acompanhar cada movimento do mercado, nem ler diversos boletins econômicos e setoriais todos os dias, investir em empresas com bons fundamentos é a melhor opção. Mas por onde começar?
Considero que o passo mais importante para uma decisão de investimento é saber qual o retorno que a empresa irá gerar no futuro, expresso em valores atuais, a partir de sua geração de caixa, descontando-se uma taxa de acordo com a percepção de risco do avaliador, por exemplo a paga pela renda fixa.
Um exemplo prático: Suponhamos que temos 3 empresas a serem avaliadas. A “Empresa1” tem receitas de 100, custos de 70 e 10 de dívidas. A “Empresa2” tem receitas de 150, custos de 90 e 100 de dívidas. E, por fim, a “Empresa3” tem receitas de 200, custos de 100 e 400 de dívidas. Manteremos constantes esses valores para fins didáticos.
Ano 1 | Receitas | Custos | Lucro | Dívida | Lucro - Dividas | Acumulado |
Empresa 1 | 100 | 70 | 30 | 10 | 20 | 20 |
Empresa 2 | 150 | 90 | 60 | 100 | -40 | -40 |
Empresa 3 | 200 | 100 | 100 | 400 | -300 | -300 |
|
|
|
|
|
|
|
Ano 2 | Receitas | Custos | Lucro | Dívida | Lucro - Dividas | Acumulado |
Empresa 1 | 100 | 70 | 30 |
| 30 | 50 |
Empresa 2 | 150 | 90 | 60 | 40 | 20 | 20 |
Empresa 3 | 200 | 100 | 100 | 300 | -200 | -200 |
|
|
|
|
|
|
|
Ano 5 | Receitas | Custos | Lucro | Dívida | Lucro - Dividas | Acumulado |
Empresa 1 | 100 | 70 | 30 |
| 30 | 140 |
Empresa 2 | 150 | 90 | 60 |
| 60 | 200 |
Empresa 3 | 200 | 100 | 100 |
| 100 | 100 |
|
|
|
|
|
|
|
Ano 10 | Receitas | Custos | Lucro | Dívida | Lucro - Dividas | Acumulado |
Empresa 1 | 100 | 70 | 30 |
| 30 | 290 |
Empresa 2 | 150 | 90 | 60 |
| 60 | 500 |
Empresa 3 | 200 | 100 | 100 |
| 100 | 600 |
|
|
|
|
|
|
|
Para quem tem uma perspectiva de mais de 10 anos, a princípio, a “Empresa3” é a mais vantajosa. Claro, teríamos que olhar as cotações em bolsa das mesmas ações.
De início, esses são alguns pontos para pensar no momento de uma avaliação. Sem dúvida é um trabalho complicado mas, mesmo que você não deseje ir tão fundo, vale a pena conhecê-lo para que sinta-se seguro nas suas decisões de investimento.
Publicado no Monitor Financeiro em 01/10/05