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15.9.07

"FINANCIAL TIMES"

Empréstimo cria discórdia entre BCs europeus

CHRIS GILES
GILLIAN TETT
do "FINANCIAL TIMES"

Uma clara divisão entre os principais bancos centrais do mundo sobre a melhor maneira de reagir à restrição de crédito surgiu na quarta-feira, depois que Mervyn King, governador do Banco da Inglaterra, o banco central do Reino Unido, advertiu que as iniciativas de seus colegas para apoiar o sistema financeiro poderiam semear "as sementes de uma futura crise financeira".

Em uma decidida defesa da recusa do banco a abordar as taxas de juros anormalmente altas para empréstimos de longo prazo entre bancos, King questionou a eficácia das medidas adotadas pelo Banco Central Europeu e disse que sua abordagem pode incentivar "riscos excessivos".

Seus comentários foram depois reforçados por David Dodge, governador do Banco Central do Canadá. O BCE bombeou 235,5 bilhões no sistema financeiro nas últimas semanas, numa tentativa de reduzir a margem das taxas de juros entre o financiamento "overnight" e os empréstimos com maturidades maiores. O BC britânico só foi oferecer pela primeira vez dinheiro para os bancos locais na semana passada: 6,4 bilhões.

Vários bancos britânicos acabaram pegando, por meio de suas subsidiárias, dinheiro emprestado do banco central dos 13 países da zona do euro, em uma tentativa de resolver seus problema de liquidez.

Empréstimos temerários
Mas, em um comunicado escrito ao comitê seleto do Tesouro dos Comuns, King advertiu sobre os riscos de dar garantias do banco central às instituições que se envolveram em empréstimos temerários. "A provisão de grandes facilidades de liquidez penaliza as instituições financeiras que não entraram na dança, incentiva o comportamento de rebanho e aumenta a intensidade de futuras crises", escreveu o presidente do BC britânico. Os bancos centrais não devem "entreter sensivelmente" essas injeções de caixa apenas para manter o status quo, acrescentou King.

Seus comentários foram feitos quando Alistair Darling, o secretário do Tesouro, atacou os bancos por emprestarem com demasiada liberdade e permitirem um grande aumento da dívida do consumidor. Numa entrevista anteontem ao "Daily Telegraph", ele pede a volta ao "bom e velho sistema bancário".

Discórdia
A discórdia entre os banqueiros centrais se concentrou em até onde eles devem ir para tentar normalizar as condições nos mercados monetários. O BCE disse anteontem que bombearia dinheiro para três meses no sistema para "apoiar uma normalização do funcionamento do mercado monetário europeu". King e Dodge disseram que os bancos comerciais eram suficientemente fortes para absorver os ativos dos veículos de investimento em dificuldades.

Separadamente, os formuladores de políticas estão decididos a reforçar os pedidos por maior transparência no mundo das finanças estruturais quando os ministros das Finanças da União Européia se reunirem em Portugal hoje.

Também prosseguem as discussões sobre outras reações à crise, como a revisão dos padrões de capital dos bancos ou esforços para formar pools com os ativos em dificuldades.

Traduzido e publicado pela Folha de SP em 14/09

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