O Brasil tem uma posição singular entre os países emergentes no que se refere à pauta de exportações. Embora o país seja classificado no grupo em que há o predomínio de recursos naturais na pauta de exportações, o Brasil foi o que mais conseguiu diversificar os produtos embarcados para o exterior entre essas nações emergentes, o que representa mais robustez à balança comercial brasileira, mesmo com um câmbio menos favorável. A conclusão é do estudo "A especialização do Brasil no mapa das exportações mundiais" do economista Fernando Puga, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Segundo ele, mesmo nas exportações de matérias-primas "há muita tecnologia" desenvolvida no país, observa o economista. Ele lembra que a Petrobras está ampliando de forma expressiva as exportações de petróleo, mas isso só foi possível com o desenvolvimento de novas tecnologias, com a exploração do óleo em águas profundas. "O petróleo inexistia na pauta de exportações e o volume é crescente. A Rússia também está exportando mais óleo, mas sem incorporação de novas técnicas", comparou Puga.
Comparação – No estudo, o economista fez um cruzamento das exportações brasileiras com o movimento mundial para aferir a posição do Brasil nos quatro grandes grupos de produtos, conforme classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): os baseados em recursos naturais; os intensivos em trabalho; os intensivos em escala e os diferenciados em ciência. A partir dessa comparação, que engloba 144 países, Puga aferiu o chamado "Índice de Balassa", que compara a participação de um setor na pauta exportadora de um país em relação às exportações mundiais. Quando o indicador é superior a 2, há elevada especialização; quando o indicador se situa entre 1 e 2 é considera especializada; quando está entre 0,5 e 1,0 o país é considerado pouco especializado e abaixo de 0,5 é não especializado.
Desempenho – Por esse critério, o Brasil tem um indicador de 1,8 no que se refere a recursos naturais, o que o coloca no grupo de alta especialização no segmento. No grupo de intensivo em trabalho, o indicador brasileiro atingiu 0,6 (pouco especializado); no grupo de "especialização em escala" a participação brasileira é igual a 1,0; ou seja, é igual à média mundial. Já no segmento referente à "especialização em tecnologia diferenciada e baseada em ciência", o Brasil tem pouco destaque devido à baixa presença nas exportações de produtos eletroeletrônicos. Apesar disso, o Brasil consegue destaque no que diz respeito às exportações de máquinas e equipamentos, além de aviação/ferroviário/embarcações e motos. Na avaliação de Puga, essa estrutura das exportações brasileiras minora os problemas gerados pela valorização do dólar em relação ao real nos últimos anos. "O câmbio é um problema, mas o país exporta vários produtos que estão 'dolarizados' e menos sujeitos às oscilações da moeda norte-americana", complementa.
Diversificação – Além disso, mesmo sendo classificado no grupo de "intensivo em recursos naturais", a pauta de exportações brasileiras desses produtos é mais diversificada do que de outros países emergentes. O Brasil tem grande volume de exportação de produtos minerais, mas também vende alimentos, papel e celulose e está ampliando as vendas de carne e petróleo. Já a Rússia é fortemente dependente das exportações de petróleo e gás. A Argentina, por sua vez, depende muito das exportações de alimentos e bebidas, de minérios e de gás, enquanto a Austrália é fortemente depende de extração mineral, acrescenta o estudo. (Alaor Barbosa - AE)
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